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Cenas de virilidade: relatos sobre a Batalha de Rosário em 1978

Tipo
Artigo
Produção
São Paulo, São Paulo, Brasil
2014
Páginas
12
ISBN/ISSN
2674-6964
Suporte
Arquivo Digital

Artigo de autoria de Leonardo Turchi Pacheco, apresentado ao 2º Simpósio de Estudos sobre Futebol.

Sumário

Não tem.

Textos

Em menos de um minuto de partida Batista é derrubado por Luque no meio de campo. Oscar pega Bertoni por trás e dá um soco em Luque fora da visão do arbitro. Mais alguns segundos é a vez de Rodrigues Neto trombar com Bertoni que o encara ameaçadoramente. Toninho e Ortiz se enrolam e vão chão. Chicão é derrubado por Galván.
Entradas duras, a bola não ultrapassa a zona de intermediária, poucos chutes a gol e um zero a zero que vai se desenhado como o placar da partida. Esta é a sensação de quem revê a partida, como eu fiz reiteradamente. Esta devia ter sido a sensação de quem a viu no estádio ou na televisão. Em retrospecto fico imaginando como Chicão, descrito por Placar no dia 17 de março de 1978, “o violento médio-volante que coleciona mais de dez expulsões em sua carreira, o implacável marcador que combina raça, garra e alguma deslealdade” foi convocado no lugar de Falcão – “o senhor do futebol elegante [...] cabeça erguida e grande tirocínio em suas manobras” (Heizer, 1997, p. 254)? E como era possível em uma partida considerada uma “final antecipada” o banco brasileiro estar repleto de craques como Zico, Rivelino e Nelinho enquanto em campo estavam jogadores medianos, “meros operários da bola” como Dirceu, Batista e Jorge Mendonça. E ainda, como não selecionar Reinaldo e Cerezo para o jogo e optar pro Chicão e Roberto?
Creio que é possível elucidar estas questões por meio de uma reflexão sobre os discursos de masculinidade emitidos pela mídia no Brasil. Deste modo o intuito desse paper é explorar os relatos construídos pela mídia impressa brasileira, especializada no campo esportivo, mais especificamente as revistas Placar e Manchete Esportiva, para dar sentido à batalha de Rosário. Argumentamos que para analisar este jogo em particular e a campanha brasileira das eliminatórias até a decisão do terceiro lugar em 1978 é preciso se ater na categoria guerra utilizada pela imprensa brasileira para atribuir os vários jogos da equipe brasileira e os discursos sobre masculinidade que ora acusavam os atletas de negligenciar o estilo brasileiro de jogar futebol e ora exaltavam a virilidade e força bruta como solução para resolver as partidas.

Exemplares

MF0000008314b / circula no local

Anexos

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