Futebol, música e literatura: uma análise dos hinos dos clubes esportivos brasileiros
Artigo de Elcio Cornelsen publicado na revista Ciência & Cultura, SBPC, v. 66, n. 2, jun. 2014.
Textos
Por definição, hino (do grego: , "estrutura sonora") é uma composição poético-musical de louvor ou exaltação. O hino é expressão de entusiasmo elevado, um poema ou cântico de veneração ou louvor à divindade e não segue, necessariamente, uma regularidade formal. Originalmente, era composto em ritmo livre e não tinha rima ou estrofação rígida. Além disso, o hino pode ser de espírito religioso, escrito especificamente para louvor ou adoração tipicamente endereçado a deuses e heróis. Esse sentido original, cujas raízes remontam à Antiguidade, se transformaria em séculos, até atingir o seu sentido na Modernidade, quando surgem, então, o hino nacional (de devoção à nação ou pátria), o hino partidário (de devoção a um partido político), o hino de organizações em geral e o hino desportivo (de devoção a um clube ou agremiação).
Desde 2009, quando iniciamos nossos estudos sobre as letras de hinos de clubes de futebol brasileiros, procuramos desenvolver um quadro de análise que nos possibilitasse avaliá-las em seus componentes líricos (a forma poética propriamente dita), épicos (elementos que alimentam o mito em relação à determinada agremiação, como alusão a símbolos, conquistas, virtudes etc) e dramáticos (as marcas textuais que denotam afetividade, apelo à fidelidade, emoção e louvor em relação ao clube). Para isso, nos orientamos pela teoria dos gêneros literários proposta por Anatol Rosenfeld na década de 1960, ao considerá-los, justamente, de acordo com sua adjetivação, ou seja, como elementos épicos, líricos e dramáticos que podem estar presentes, simultaneamente, numa dada obra ou texto. Para acessar clique aqui.