Aqui sangraram pelos nossos pés: futebol, política e identidade nacional na ditadura militar (1974-1985)
A aplicação pela Ditadura civil-militar dos princípios e diretrizes da Doutrina de Segurança Nacional na gestão, organização e prática do futebol nas Copas do Mundo disputadas entre 1974 e 1982 são objeto deste trabalho. Através da análise da cobertura dos diários Folha de São Paulo e Jornal do Brasil e dos semanários Veja e Placar, procura-se demonstrar como a aplicação desses princípios resultou em uma militarização deste esporte em sua gestão institucional, financeira; na composição das comissões técnicas e na negação do status de cidadania ao jogador de futebol. A operacionalização desses princípios tanto poderia ser executada pela sociedade política, o Estado, quanto pela sociedade civil, através dos aparelhos privados de Hegemonia, como a Confederação Brasileira de Desportos. Movidos por um elã autoritário, quanto piores os resultados nas competições, maiores eram os espaços ocupados pelos militares dentro dessa estratégia, alcançando seu ápice na Copa do Mundo de 1978. A identidade nacional encontra-se igualmente em disputa, tanto como mecanismo de dominação, cuja instrumentalização é desejada pela Ditadura civil-militar, quanto como espaço de resistência, diante da incapacidade da Ditadura em realizar sua autorreforma e perpetuação institucionalizada no poder. Sem condições materiais para exercer o poder pela força, a Seleção Brasileira e a identidade nacional são ressignificadas como sinônimo de democracia, um valor que não poderia ser apreendido pela Ditadura. Jogadores e torcedores são agentes dessa transformação que resulta em Abertura Política e desmilitarização do futebol antes do final da própria Ditadura civil-militar. Para acessar clique aqui.
Sumário
Introdução p. 15
Os dez anos restantes da ditadura militar p. 33
Imprensa e ditadura p. 48
Organização da tese p. 61
1 - Não é o futebol, são os tanques p. 63
1.1 - A Confederação Brasileira de Desportos como aparelho privado de hegemonia p. 71
1.2 - Projeto México: ponto de partida da militarização p. 92
1.3 - Identidade em disputa p. 124
1.4 - Aperfeiçoando o imperfeito, desprezando a perfeição p. 139
2 - 1974: nas janelas e varandas, são raras as bandeiras p. 146
3 - 1978: não se deve delirar, já que sonhar ninguém mais consegue p. 207
3.1 - A mais politizada das Copas p. 222
3.2 - A mais militarizada das seleções p. 231
3.3 - Autorreforma do regime p. 261
4 - E um dia, afinal, tinham direito a uma alegria fugaz p. 270
4.1 - A Confederação Brasileira de Futebol p. 275
4.2 - Trocando o medo pelo velho futebol-arte p. 281
4.3 - Epílogo: outras aberturas, outro Sarriá p. 321
Conclusão p. 336
Referências p. 347
Anexo p. 361