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I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas

Tipo
Campeonato
Ano
2015
Edição
1
Local
Palmas, Tocantins, Brasil
Início
2013
Fim
31/10/2015

Os Jogos dos Povos Indígenas no Brasil é um encontro de caráter esportivo e cultural realizado desde 1996 por iniciativa do Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena (ITC) , coordenado pelos indígenas da etnia terena Marcos e Carlos. Em 2013, quando o país completava um número considerável de jogos indígenas nacionais e regionais bem sucedidos, o Ministério do Esporte, após consideráveis negociações, decidiu atender e apoiar a realização dos primeiros jogos mundiais entre etnias indígenas e tradicionais. Dessa forma, uniram-se lideranças de diversos países, o Comitê Intertribal (ITC), o Ministério do Esporte, o Governo de Tocantins, a Prefeitura de Palmas e o PNUD, para a primeira edição da celebração em escala global. O futebol se destaca como o esporte mais profusamente praticado entre as mais diferentes e distantes etnias do Brasil. Nesse cenário, os jogos possibilitam a reorganização ou em alguns casos, a reafirmação de papéis sociais estabelecidos historicamente entre os vários povos indígenas participantes e a sociedade brasileira, ou o “homem branco” como se perpetua a expressão. Apesar das relações de poder, práticas e saberes estarem marcadas pela construção de uma nação colonizada, caracterizadas pelo pensamento etnocêntrico e alheio as práticas culturais indígenas, o encontro promovido pelos JMPI se constitui como um espaço de visibilidade e profusão de debates sobre questões indigenistas. No âmbito mais básico das discussões e interações com o público visitante (dos pesquisadores, imprensa e curiosos), os jogos apresentam complexidade e diversidade das etnias participantes, observadas não só nas expressões corporais e esportivas, mas como no discurso dos próprios locutores e estética explorada para a criação do evento.

Textos

Os Jogos dos Povos Indígenas tiveram início em outubro de 1996, com o objetivo de integrar as diferentes populações indígenas do Brasil, resgatando e celebrando essas culturas tradicionais, com base no lema “O importante não é competir, e sim, celebrar”. É organizado pelo Comitê Intertribal Indígena (ITC), com apoio do Ministério dos Esportes, e faz parte do calendário da Secretaria Nacional do Esporte. As sedes dos Jogos situam-se em locais afastados dos grandes centros, nas regiões norte e nordeste do país, onde há a maior concentração de aldeias e etnias.

Os Jogos dos Povos Indígenas são compostos por esportes tradicionais indígenas e esportes ocidentais.  As modalidades variam a cada torneio e geralmente são Arco e Flecha, Cabo de Guerra; Canoagem; Atletismo; Corrida com Tora ; Arremesso de Lança; Luta Corporal; Natação; Zarabatana; Rônkrâ  e o Futebol.

O futebol está presente de duas formas: a competição do futebol ocidental, com equipes masculinas e femininas, regras são regidas pela Instrução Geral dos Jogos e obedece ao padrão da Confederação Brasileira de Futebol, exceto o tempo de jogo que por vezes é adaptado e reduzido. E o Xikunahity ou Jikunahaty (pronuncia-se Zikunariti, na linguagem dos Paresi e Hiara), esporte tradicional indígena conhecido como futebol de cabeça ou Cabeçabol.  

É um esporte praticado tradicionalmente pelos povos Paresi, Salumã, Irántxe, Mamaidê e Enawenê-Nawê.  Jikunahity é o nome da bola utilizada no jogo, e é de fabricada pelo povo Paresí do Estado do Mato Grosso. A bola é feita com um de látex, matéria-prima obtida com a seiva de mangabeira, e colhida preferencialmente entre 5h30 e 7h da manhã, quando a planta oferta mais seiva. Esta, após colhida, é colocada sobre uma superfície lisa até formar uma camada espessa. Esta camada de seiva de mangaba é aquecida em fogo, e aplainada com ajuda de uma cabaça. Suas extremidades são unidas com a própria cola formada pela seiva, de modo a deixar um orifício por onde o látex será assoprado dando forma a bola, originando um núcleo arredondado, que é envolto em outras camadas de látex, até formar a bola. Este produto fica exposto ao ar para secar e resfriar, para ganhar consistência para pular. A bola tem aproximadamente de 12 a 14 centímetros de diâmetro e pesa 300 gramas. 

 No Jikunahity (Futebol de cabeça), no lugar do chute com os pés, a bola é empurrada com a cabeça dos participantes. No jogo, a bola não pode ser tocada com as mãos, pés ou outra parte do corpo, mas pode tocar no chão, antes de ser rebatida pela outra equipe. A equipe marca pontos quando a bola não é devolvida pelos adversários, ou seja, quando deixa de ser rebatida. Tradicionalmente é formado por duas equipes de 3 a 5 jogadores cada (como praticado nas comunidades), em uma quadra com medidas variáveis de acordo com o terreno disponível. Nos Jogos dos Povos Indígenas, as equipes podem chegar a ter de oito a dez jogadores, em um campo de dimensões próximas ao do futebol. Nas comunidades o jogo ocorre na forma de um desafio entre tribos. Cada tribo traz objetos, que são ofertados ao vencedor de cada partida. Quem reunir mais objetos se torna o campeão.

O Jikunahity é para os Paresí a união entre corpo e espírito, e como no jogo, quanto mais perto da terra, mais perto se está das raízes. As regras do jogo são parecidas com as regras da tradição Paresí. O jogo é uma diversão, mas é, acima de tudo, uma herança ancestral que mantém a tradição e a identidade desses povos. Os Jogos Indígenas são entendidos pelos povos indígenas participantes (mais de 48 etnias), como uma forma de assegurar e manter a cultura indígena.

Anexos

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