Peladeiros de Maceió
Maceió (Alagoas), conhecido destino de praias do Nordeste do Brasil, concentra em sua orla, a prática do futebol por seus moradores, que escolheram a praia como maior área de manifestação de lazer da população. Aos finais de semana, as praias de Maceió são divididas em diversos campos de futebol improvisados pare receber os “bater turmas”, nome dado aos times de futebol formados por amigos e vizinhos de bairro. Os campos podem passar de 200 por final de semana. A cidade de Maceió possui 40 km de praias, uma das poucas cidades brasileiras a ter uma praia no Centro da Cidade, a Praia da Avenida. É entre as praias da Avenida e Sobral, com uma área de cerca de 5 km, onde se concentram os “peladeiros da praia”. A prática nasceu há mais de trinta anos, por obra de seu fundador, o Sr. José Ivo. Mas, como a pelada de sua turma acontece aos domingos, também dia e horário de maior movimento em seu comércio, um açougue, José Ivo não consegue mais participar do “racha” que ajudou a criar. A maioria dos jogadores chega quando o sol “começa a baixar”. Todos os “campos” se distribuem aproveitando a faixa de areia molhada, que neste trecho do litoral é mais larga, quase sempre com as mesmas características. As traves geralmente são pequenas. Não existe árbitro, técnico, reservas, uniformes e tampouco torcedores: apenas o campo improvisado à beira mar e os “titulares” das duas equipes correndo atrás da bola. Dispensam, inclusive, a divisão tradicional utilizada nos jogos amadores de times, definidos pelos jogadores com e sem camisa. O “campo” à beira-mar impõe regras variadas ao jogo, mas os “Peladeiros de Maceió” estipulam algumas regras especificas. Como não há juiz, normalmente o apito é comandado por alguém que chegou atrasado ou que está machucado. Contudo, por mais simples que seja, toda pelada tem sua organização, e são os líderes que acabam por coordenar a organização, funcionamento e a manutenção do jogo. Não existe limite de idade para os jogadores. Segundo os peladeiros: “Respirou pode jogar”, frase conhecida de Cacau, um dos organizadores do “racha”. A desigualdade social é uma característica presente na cidade de Maceió e interfere na relação com o futebol, fato demonstrado no número de praticantes dos “rachas” nas diversas praias de Maceió.