Centro de Referência do Futebol Brasileiro

Antes da existência do Serra Dourada, o Estádio Olímpico Pedro Ludovico era quem fazia as vezes para a recepção dos grandes jogos na capital do Estado de Goiás. No entanto, com a conquista da Copa do Mundo de 1970, uma euforia pelo futebol tomou conta dos corações goianos. O velho Estádio Olímpico, com suas reduzidas capacidades, já não dava conta de abrigar o grande público que desejava ir aos jogos.

À época, concorria às eleições ao governo do estado Leonino Di Ramos Caiado; como parte de sua campanha eleitoral, Caiado firmou um compromisso público em que, caso eleito, construiria em Goiânia um novo estádio com capacidade de abrigar grandes públicos. Ao ser eleito, logo tomou as primeiras medidas em vista da construção do novo Estádio: uma das primeiras foi a nomeação do engenheiro Lamartine Reginaldo da Silva Júnior ao cargo de Diretor Geral da Fundação Estadual de Esportes e a formação de uma Equipe Técnica do Estádio.

A partir das observações feitas por esta equipe, constatou-se que muitos estádios brasileiros não tinham uma área externa pensada em conjunto com o próprio estádio; a inexistência de grandes áreas de estacionamento, por exemplo, foi um fato notado em decorrência desta constatação. Ficou decidido, portanto, que para aquele novo projeto se daria especial atenção às áreas das redondezas do estádio: além de grandes áreas para carros, projetava-se também a reserva de áreas nas intermediações do futuro estádio para construção de complexos esportivos e áreas públicas. Não por acaso, a área destinada ao estádio continha cerca de 550.000 m² e localizava-se num local estratégico para circulação de carros e pessoas.

Já com a posse do terreno, a Equipe Técnica responsável por tocar o projeto elaborou alguns dos parâmetros necessários para participação de empresas no processo licitatório; dentre os critérios estabelecidos, havia determinação quanto à capacidade de público, áreas de estacionamento, circulação, etc. Deste processo, um escritório paulista de engenharia foi quem ganhou a concorrência. A convite dessa empresa vencedora, quem ficou responsável pelo projeto arquitetônico do estádio foi o famoso arquiteto brasileiro, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Paulo Mendes da Rocha.

A ideia de Mendes da Rocha era a de fazer um "gentil desenho aberto em que se vê a cidade, com boa instalação para conforto dos usuários". A partir dessa premissa, optou-se pelo acabamento em concreto aparente, pela instalação de dois grandes jardins no interior do estádio e pelo uso do concreto armado para a construção de grandes vãos de até 48 metros onde se instalariam as arquibancadas. Além disso, a construção foi feita levemente enterrada no terreno, amenizando visualmente as grandes dimensões externas sem retirar o aspecto monumental que se esperava do projeto. Segundo o próprio Paulo Mendes da Rocha, “o João Saldanha disse, em entrevista, que era o estádio mais gentil e bonito do Brasil”, comprovando talvez o sucesso de seu projeto arquitetônico.

De todo modo, as construções tiveram início em 31 de março de 1973. Como não havia abundantes recursos ao empreendimento, foram delegadas a um segundo momento os projetos voltados às redondezas, concentrando os esforços sobretudo na construção do próprio estádio – o que resultou com o passar dos anos em usos diversos dos imaginados para esses espaços. Com as obras “levadas a todo vapor”, em 09 de março de 1975, o estádio foi oficialmente inaugurado, com uma partida entre a Seleção Goiana e a Seleção Portuguesa perante 76.718 espectadores.

A escolha do nome do estádio se deu mediante concurso público. A escolha final, Serra Dourada, presta homenagem ao terreno de mesmo nome na cidade de Goiás Velho, antiga capital do estado.

VASCO, Flávio; CAIXETA, Eline. Estádio Serra Dourada: paisagem e lugar construído.

Estádio Serra Dourada comemora 39 anos; depoimentos de Lamartine Reginaldo da Silva Júnior. http://www.estadioserradourada.go.gov.br/post/ver/174063/estadio-serra-dourada-comemora-39-anos

Entrevista Paulo Mendes da Rocha. http://www.opopular.com.br/editorias/esporte/paulo-mendes-da-rocha-1.798564