Nílton Santos
- A Enciclopédia do Futebol
- Nílton dos Santos
Clubes e Federações
Quando | Onde | Atuação |
---|---|---|
1948-1964 | Botafogo | Lateral |
1950 | Seleção Brasileira Copa do Mundo 1950 | Zagueiro(a) |
1954 | Seleção Brasileira Copa do Mundo 1954 | Zagueiro(a) |
1958 | Seleção Brasileira Copa do Mundo 1958 | Lateral |
1962 | Seleção Brasileira Copa do Mundo 1962 | Lateral |
1966 | Remo | Lateral |
1969 | Treze | Lateral |
1971-1972 | Galícia | Treinador(a) |
1980 | Vitória | Treinador(a) |
1983 | Bonsucesso | Treinador(a) |
1984 | São Paulo de Rio Grande | Treinador(a) |
1987 | Taguatinga | Treinador(a) |
Textos
Em 1925, no dia 16 de maio, Nilton dos Santos nasceu na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, Brasil. Na Ilha do Governador, Nilton vivia na Estrada de Flexeiras, numa casa simples. Desde os 10 anos de idade, jogava futebol com seus amigos. Logo o grupo decidiu formar uma equipe mais organizada, batizada de Fumo. Nela, o garoto jogava no ataque. Suas atuações levaram-no a ser convidado para jogar no Flexeiras, time semiprofissional que tinha os melhores jogadores da região da Ilha do Governador.
Paralelamente, a partir de 1945, Nilton serviu no Exército Brasileiro, tornando‑se soldado da Aeronáutica. Ainda assim, continuava agradando pela capacidade no futebol, sendo incluído no time dos oficiais. Incentivado por seu superior, o major Honório, a tentar um teste numa equipe grande do Rio de Janeiro, Nilton até chegou a treinar no Fluminense, sem sucesso.
Após um amistoso contra o São Cristóvão, vencido pelo time do Exército por 5 a 2, o jogador recebeu um convite para jogar no próprio São Cristóvão, mas foi dissuadido pelo major Honório. Este lhe prometeu uma oportunidade no Botafogo, por intermédio de um tio. E, em 1948, Nilton Santos chegou ao Botafogo, para treinar como atacante.
No seu primeiro dia já foi aprovado pelo técnico Zezé Moreira. No entanto, o dirigente Carlito Rocha quis conferir melhor o novo jogador. Após alguns testes físicos, então, disse: “Você tem físico de defesa e é lá que você vai jogar”. No dia seguinte, atuando na lateral esquerda, Nilton mostrou um bom desempenho, e ouviu de Carlito: “Esqueça o ataque, rapaz. Na defesa você será campeão carioca, brasileiro, sul-americano e mundial”.
Em 1948, então, Nilton estreou pelo Botafogo contra o São Cristóvão, num jogo preliminar de outra partida pelo Campeonato Carioca. E logo se tornou titular da equipe. Não sem sobressaltos: mesmo desejando atuar no ataque, sua posição de origem, Carlito Rocha o proibia terminantemente de fazer jogadas ofensivas. Nilton Santos – àquela altura ainda conhecido como Santos – ficou restrito à zaga, ou à lateral esquerda.
Mesmo assim, começou a criar jogadas de ataque e até a avançar para finalizá-las. A técnica exibida não só ajudou o Botafogo a conquistar o título estadual de 1948, como também levou o lateral à primeira convocação para a Seleção Brasileira que disputaria o Campeonato Sul-Americano de 1949. Mas o técnico Flávio Costa foi mais um a se opor ao hábito de Nilton de avançar ao ataque.
Graças à oposição de Flávio, que se tornou seu desafeto (e à recuperação de uma lesão), Nilton ficou no banco de reservas da equipe que conquistou aquele Sul-Americano. Depois, chamado para sua primeira Copa do Mundo, em 1950, ficou na reserva de Augusto. Mas não demorou muito para que o jogador botafoguense conseguisse ganhar uma vaga entre os titulares da Seleção. E seria como lateral-esquerdo que estaria na equipe que venceu o Campeonato Pan-Americano de 1952.
Paralelamente, no Botafogo, Nilton se consolidava como titular absoluto da lateral. Em 1953 foi um dos personagens principais na chegada de uma das grandes estrelas da história do clube: vindo de Pau Grande, distrito de Magé, Rio de Janeiro, Brasil, Manoel dos Santos apresentou-se para um teste e Nilton Santos foi seu marcador. Na primeira jogada em que avançou, Manoel colocou a bola sob as pernas do adversário, driblando-o. Após o teste, o defensor chegou aos diretores e pediu: “Contratem o homem, não quero passar esse vexame no Maracanã cheio”. E assim o Botafogo ganhou Mané Garrincha, e Nilton Santos ganhou um amigo pelo resto da vida, virando seu compadre e confidente.
Nilton Santos foi crescendo cada vez mais, tanto pelo Botafogo quanto pela Seleção Brasileira, na qual foi titular absoluto na Copa de 1954. A técnica exibida na lateral fez com que o jogador ganhasse o apelido que o seguiria por toda a carreira: a “Enciclopédia do Futebol” (apelido de autoria atribuída ao radialista Waldir Amaral), como ele ficou conhecido por volta de 1957. Nesse mesmo ano ele seria um dos principais personagens no título carioca do Botafogo, acabando com um jejum de nove anos, garantindo a conquista com uma goleada por 6 a 2 sobre o Fluminense.
Finalmente, em 1958, na Copa do Mundo, Nilton viveu um de seus grandes momentos: não só foi titular absoluto na conquista do primeiro título mundial do Brasil, como também marcou um gol, contra a Áustria, na primeira fase. A história do gol foi engraçada: Nilton recebeu a bola de Mazzola e foi avançando. Em sua biografia, o jogador contou que o técnico Vicente Feola o repreendia pelo avanço, dizendo “volta, Nilton, volta”, até que o jogador fez o gol. Então, Feola proferiu: “boa, Nilton, boa”.
Depois, Nilton conquistou mais dois títulos cariocas, em 1961 e 1962, e um Torneio Rio-São Paulo, em 1962, pelo Botafogo. Ainda em 1962, aos 37 anos, manteve-se como titular da Seleção Brasileira que foi à Copa do Mundo. Ele continuou como titular absoluto durante o torneio, e incluiu à sua história mais um lance pitoresco: durante a partida contra a Espanha cometeu uma falta no atacante Enrique Collar, nos limites da grande área. Mas, para que o árbitro chileno Sergio Bustamante não marcasse pênalti, o brasileiro deu um passo para fora da área e o juiz deu apenas falta. O Brasil ganhou por 2 a 1 e seguiu até conquistar o bicampeonato mundial.
Após a Copa do Mundo, Nilton Santos encerrou sua carreira pela Seleção Brasileira. E, ao final de 1964, o jogador decidiu terminar sua carreira, após 16 anos, 723 jogos, 11 gols e mais um título, o Torneio Rio-São Paulo. Ele ainda negociou uma partida de despedida, que seria organizada por jornalistas, mas o Botafogo recusou, dizendo que a iniciativa poderia trazer a impressão de que o clube nunca ajudara o jogador – que chegou a assinar vários contratos em branco pelo Botafogo.
Em 1965, após o fim da carreira, Nilton Santos foi chamado para trabalhar na Adeg (Administração dos Estádios da Guanabara), que depois se chamaria Suderj (Superintendência dos Estádios do Rio de Janeiro). O ex-jogador ainda trabalhou na Fugap (Fundação de Garantia ao Atleta Profissional), na década de 1960, antes de sua primeira volta ao futebol, como diretor de futebol do Botafogo, entre 1971 e 1972.
Nilton ainda teve algumas passagens como treinador, por Galícia (1971) e Vitória (1983), ambos da Bahia. No entanto, notabilizou-se mais pelo trabalho como instrutor de futebol para garotos. Primeiramente, em Uberaba, Minas Gerais, Brasil e, desde 1986, em Brasília, Distrito Federal, Brasil, onde fixou residência.
Em 2007 Nilton Santos foi diagnosticado com o Mal de Alzheimer. Desde então, vive internado numa clínica, no Rio de Janeiro, acompanhado pela esposa, Maria Coeli. No ano de 2012, Maria Coeli teve diagnosticado um câncer no cérebro, e teve de se afastar do cotidiano com Nílton Santos, que seguiu internado na clínica. Finalmente, em novembro de 2013, foi internado na clínica Bela Lopes, com insuficiência cardiorrespiratória. E no dia 27, as mesmas razões levaram à sua morte, aos 88 anos de idade.
Bibliografia
CASTRO, Marcos de; MÁXIMO, João. Gigantes do futebol brasileiro. São Paulo: Civilização Brasileira, 2011.
SANTOS, Nilton. Minha bola, minha vida. Rio de Janeiro: Gryphus, 1998.
http://esportes.terra.com.br/botafogo/bicampeao-com-a-selecao-nilton-santos-morre-no-rio-aos-88-anos,a86c4e8b4ea92410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter, consultado em 27 de novembro de 2013.
Jogador que dedicou toda a sua vida profissional a um único time (Botafogo), ele assisitiu ao renascimento da seleção brasileira após ter participado como reserva de zagueiro nas Copas de 1950, e como titular em 1954. Conseguiu ser bicampeão do mundo, junto com nomes que ficariam marcados para sempre, como Pelé e Garrincha.
NÍLTON SANTOS (Rio, 1925). O elo perfeito entre o estilo clássico de Domingos da Guia, que o antecedeu, e o papel de lateral participante, ofensivo, de Carlos Alberto Torres, que o sucedeu. Nílton Santos, pelo talento (e pela vocação de atacante trazida das peladas em Flecheiras), foi o primeiro lateral a projetar-se conscientemente ao campo adversário, ousadia não permitida até ali. A vida inteira jogador do Botafogo, foi titular absoluto das seleções que deram ao Brasil os seus primeiros títulos mundiais.