Valdir da Silva
Clubes e Federações
Quando | Onde | Atuação |
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ABSPORT |
Textos
Valdir é muito ligado ao futebol desde a mais tenra infância. Nascido e criado no bairro do Tatuapé, conheceu o futebol de várzea – sua diversão na época em que era garoto – pelas mãos e passos do pai, Isaías. Homem do futebol, seu pai rendeu-se ao time Vila Paris[1], do qual chegou a ser presidente. Aos domingos pela manhã, ele e os irmãos, de 7 a 10 anos, iam para o campo, onde assistiam atentamente às partidas. Lá tomou contato com a bola, a partir de brincadeiras com os amigos antes dos jogos dos pais começarem.
Nesse mesmo período, Valdir ingressou no futebol de salão. Chegou a formar um time no bairro do Tatuapé – que perdura até a atualidade, com mais de 30 anos –, onde atuou em posição defensiva, meio campista, meio volante. Segundo ele, “o cara quando é ruim é multifunção, vai aqui, vai ali...”. O empresário referiu-se a esse período como a várzea “de verdade”, do terrão, com redes por vezes furadas, chuteiras precárias e também rodeada de pobreza. Citou o caso de sua família, que vivia com renda muito pequena. Contou que pegava a chuteira do pai para jogar: tinha a sorte dos jogos do dente-de-leite serem realizados aos domingos, à tarde, depois dos jogos dos veteranos, que aconteciam de manhã, o que lhe dava tempo de pegar o sapato com o pai e chegar ao jogo.
Valdir abandonou a várzea por volta de 2002, dirigindo-se aos pequenos clubes privados. “Hoje há o Interclubes”, lembrou. Restrito à participação de clubes, esse campeonato é disputado em jogos de ida e volta, como Paineiras X Juventus e vice-versa, conforme as faixas de idade – de trinta a quarenta; quarenta a cinquenta e cinquenta a sessenta anos – divididas entre as categorias A, B e C.
A seu ver, isso continua sendo uma várzea, apesar da restrição que a torna um pouco mais “elitizada”. O lado bom disso é a diminuição de atritos, já que, segundo Valdir, em um clube o clima é mais ameno, sem o batuque e o bar na ponta do campo. Mesmo que surja uma desavença generalizada em campo ela se restringe a esse espaço e o ambiente permanece sossegado.
A trajetória profissional de Valdir teve início na adolescência, quando trabalhou na loja Fabiano Sports. Lá começou a fazer os primeiros contatos e a desenvolver o tino comercial. Sempre convencia os amigos com as chuteiras mais surradas, ou os fardamentos mais velhos, a trocá-los por novos artigos da Loja Fabiano. Quando diziam que ia sair caro, Valdir retrucava: “vai lá que a gente faz negócio”. Ele entrou menino, exercendo trabalhos simples e chegou ao topo da escala gradual de funções da loja, a gerência. Hoje, dono da sua própria empresa, a ABSPORT, busca seguir os mesmos caminhos da loja onde cresceu profissionalmente.
Fundada em 1990, a ABSPORT continua no mesmo local de origem, embora tenha diminuído sua metragem. Hoje de aproximadamente 8x4 metros de loja. De início, Valdir se deparou com a enorme diferença de escala de compra de uma loja que já era líder no setor a e de uma iniciante. Enquanto a Fabiano comprava quinhentas bolas para estoque, Valdir adquiria apenas 3.
O entrevistado revelou também que a ABSPORT tem o próprio time de futebol, cujo presidente é seu pai, Isaías. Como Valdir sempre teve ligação com o esporte, procurou manter-se na prática.Hoje, entre amigos e jogadores, o time ABSPORT forma um grupo de quarenta pessoas que confere muito valor a Valdir. A ideia inicial era reunir trinta pessoas para formar 2 times. Valdir resgatou amigos da época do dente-de-leite, bem como da faculdade, do futsal, amigos atuais e alguns que esporadicamente viajam com eles em campeonatos fechados.
[1] O Vila Paris é um time de várzea tricolor nas cores azul, vermelho e branco. Seu distintivo é parecido ao do São Paulo Futebol Clube. O time tinha um campo entre as décadas de 1930 e 1940, extinto com o crescimento da cidade.