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Léa Campos

  • Asaléa de Campos Fornero Medina
Atuação
Arbitragem

Primeira árbitra do Brasil, fez o curso de arbitragem da Federação Mineira de Futebol em 1967, mas não foi diplomada por intervenção de João Havelange, presidente da CBD, que era contrário à presença das mulheres no futebol. Léa ainda apitou vários jogos clandestinamente, mas só conseguiu exercer legalmente a arbitragem a partir de 1971, após pedir ajuda diretamente ao então presidente do Brasil, General Emílio Médici. Léa apitou até 1974, quando afastou-se devido às sequelas deum acidente de ônibus, mudando-se para os Estados Unidos para tratamento e onde fixou residência permanentemente desde então.

Clubes e Federações

Quando Onde Atuação
1971-1974 Federação Mineira de Futebol Arbitragem

Textos

Nascida na região central de Minas Gerais, Asaléa de Campos Fornero Medina, popularmente conhecida como Léa Campos mudou-se com três anos para Belo Horizonte, onde cresceu e teve seus primeiros contatos com o futebol. Venceu diversos concursos de beleza, sendo consagrada Rainha do Carnaval e Rainha do Exército, dentre outros títulos. Em 1966, como Rainha do Cruzeiro Esporte Clube, tornou-se uma expécie de relações públicas do time, viajando, divulgando e acompanhando as partidas da equipe. Ainda que não conhecesse o suficiente sobre futebol, foi nessa época que Léa decidira que viria a ser árbitra.

Formada em Jornalismo e em Educação Física, Léa passou a dedicar-se à arbitragem em 1967, quando estudou por oito meses na escola de árbitros da Federação Mineira de Futebol. Ao concluir o curso, porém, teve seu diploma bloqueado pela então Confederação Brasileira de Desportos (CBD), o que a impedia de exercer a profissão. 

Léa, acusada de subversão, afirmou ter sido levada em torno de quinze vezes ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) por jogar futebol, já que sob um regime militar e um decreto instaurado durante o Estado Novo dizia-se que "às mulheres não se permitirão a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza". Em 1971, no entanto, a ex-árbitra entrou em contato com o então chefe de Estado e General Emílio Garrastazu Médici. Por ser Rainha do Exército de Minas Gerais, conseguiu 5 minutos de conversa com Médici e ele, a pedido de Léa, redigiu uma carta a João Havelange, então presidente da CBD, na qual ordenava que fosse a ela concedido o direito de aceitar o convite recebido e atuar como juíza na II Copa do Mundo de Futebol Feminina a ser realizada no mesmo ano no México.  

Havelange, que havia sentenciado: "enquanto eu for presidente da CBD, mulher não joga e nem apita futebol", após ler a carta de Médici, chamou uma coletiva de imprensa para anunciar que seria em sua gestão que "sai a primeira mulher árbitra de futebol profissional para todo o mundo futebolístico". Mesmo com a difícil trajetória, Léa entrou para a história como pioneira.

Sua vida nos gramados, porém, não durou muito. Em 1974, Asaléa sofreu um grave acidente de ônibus, o que a deixou por dois anos em uma cadeira de rodas. Por causa do tratamento, viajou diversas vezes aos Estados Unidos onde conheceu o jornalista esportivo colombiano Luis Eduardo Medina, com quem viria a se casar. 

A carreira jornalística de Léa, que nunca havia sido interrompida, tornou-se prioridade após o acidente. Em seu currículo, constam atuações na Rádio Mulher e na Rádio Nacional. Residente de Nova Iorque, a ex-árbitra assinou uma coluna no Brazilian Press, periódico voltado para o público brasileiro nos Estados Unidos. Em 2001, Léa teve sua biografia publicada por seu marido. Ainda inédita no Brasil, chama-se "Las Reglas pueden ser Rotas - Biografia de Léa Campos".

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