Marianita
- Marianita da Silva Nascimento
Uma craque dentro e fora de campo. Esse pode ser o resumo de Marianita da Silva Nascimento. Em tempos de proibição, ela encabeçou a luta das mulheres gaúchas pelo direito de jogar futebol. Ativista, Marianita atuou junto à Câmara de Vereadores de Porto Alegre e tornou-se membro da Comissão da Federação Gaúcha, uma das responsáveis pelo anteprojeto enviado ao Conselho Nacional, para que o futebol praticado por mulheres fosse regulamentado. A meio-campista foi responsável pela montagem do primeiro time feminino do Grêmio, ainda em 1980. Sua liderança somava-se à habilidade com a bola no pé. Tanto que acabou chamando a atenção do principal time da época, o Radar, e participou da primeira excursão feita por um clube à Europa. Atualmente, essa pioneira é diretora do Departamento de Futebol Feminino do Grêmio.
Clubes e Federações
Textos
Também treinava nas quadras do Parque da Marinha, atuando por diversos times de Porto Alegre.
Em 1980 atuava pelo time da SACC - Sociedade Amigos de Capão da Canoa, que venceu o II festival de Futebol Feminino - evento precursor das competições oficiais no Rio Grande do Sul. E o time acabou convidado para fazer um jogo durante as festividades da inauguração do Estádio Olímpico Monumental em junho de 1980.
Marianita foi o destaque e no final do ano o próprio presidente do Tricolor, Hélio Dourado a convidou não só a integrar, mas a montar o primeiro time de futebol feminino do Grêmio. No começo de 1981 o time disputou a Copa Ajax de Futebol de Salão e apenas um amistoso no campo, contra o time da UFRGS.
Infelizmente o time foi desfeito logo depois, principalmente pela falta de regulamentação do esporte. O futebol de mulheres tinha sido proibido em 1941 e apesar da revogação da exdrúxula lei em 1979, ainda permanecia a noção de que não sendo oficialmente permitido não deveria ser estimulado.
Já que o problema era a falta de regulamentação, Marianita, então com 20 anos, passou a lutar pela oficialização do futebol de mulheres. Procura o vereador Valdir Fraga com o intuito de apresentar um projeto na Câmara dos Vereadores de Porto Alegre para regulamentar o futebol de mulheres. Esse projeto cresceu e ganhou força, ao ponto de Marianita tornar-se integrante da comissão da Federação Gaúcha de Futebol responsável pelo anteprojeto (baseado no trabalho de Marianita) enviado ao Conselho Nacional de Desportos solicitando a regulamentação do futebol feminino no Brasil. Marianita atuou como uma "ponte" entre os dirigentes e as mais de 4.500 jovens e mulheres jogadoras de futebol do Rio Grande do Sul. E o futebol feminino foi regulamentado em 11/04/1983 através da Deliberação do CND nº 01/83, publicado no Diário Oficial da União.
Dentro de campo, depois da dissolução do time do Grêmio, Marianita fundou o Esporte F.C. para continuar jogando, e não apenas nos campos gaúchos. Em maio de 1982 o time participou do Trofèu Eurico Lyra de futebol de praia feminino, onde enfrentou o poderoso E.C. Radar, do qual Lyra era presidente. E mais uma vez ela foi destaque e acabou sendo convidada para se juntar ao time carioca na primeira excursão de uma equipe de futebol de mulheres brasileiras à Europa em junho de 1982. As brasileiras voltaram invictas.
De volta ao Rio Grande do Sul, Marianita foi eleita presidente da Liga de Futebol Feminino de Porto Alegre, que organizou o primeiro Campeonato Gaúcho, embora extra-oficial, da modalidade. E o Esporte F.C. levantou a taça.
O título rendeu o convite para as gaúchas voltarem às areias do Rio de Janeiro para a disputa do Primeiro Torneio Brasileiro de Futebol Feminino em abril de 1983. Elas terminam como vice-campeãs.
Um mês depois, o presidente Fábio Koff cria o Departamento de Futebol Feminino do Grêmio F.B.P.A., nascendo asism o primeiro time de futebol de mulheres, desta vez de maneira oficial. E que disputou o primeiro Campeonato Gaúcho da modalidade organizado pela FGF, terminando como vice-campeãs.