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Ademir da Guia

  • O Divino
Atuação
Meio Campo

Maior jogador da história da S.E. Palmeiras, foi quem mais vestiu a camisa do time, em um total de 902 jogos, sendo o 3º maior artilheiro com 153 gols. Foi campeã paulista cinco vezes (1963, 1966, 1972, 1974 e 1976) e nacional outras cinco (1967, 1967, 1969, 1972 e 1973).

Clubes e Federações

Quando Onde Atuação
1960-1961 Bangu Meio Campo
1961-1977 Palmeiras Meio Campo
1974 Seleção Brasileira Copa do Mundo 1974 Meio Campo

Textos

Ademir da Guia nasceu em 3 de abril de 1942, no Rio de Janeiro, Brasil. Sua família já era bem inserida no meio do futebol: seu pai era Domingos da Guia, um dos jogadores mais respeitados da história do futebol brasileiro. Além disso, três de seus doze tios, Luiz Antônio, Ladislau e Mamede (Médio), também haviam sido jogadores do Bangu AC, clube de Bangu, bairro periférico do Rio de Janeiro. Foi exatamente neste bairro que Ademir passou sua infância.

Mas sua iniciação em esportes se deu na natação: aos sete anos, após o retorno de sua família ao Rio de Janeiro (entre 1944 e 1948, Domingos jogou pelo SC Corinthians Paulista), ele começou a nadar na piscina do Bangu. Não demorou muito e Ademir foi inscrito nas equipes de natação do clube, chegando a ganhar o Campeonato Estadual de Natação com o Bangu, em 1954.

Ademir só mudou sua prioridade para o futebol em 1956, quando foi fazer um teste na equipe infantil do Bangu, junto com um amigo. Aprovado, começou na equipe como zagueiro, a exemplo de seu pai, mas logo foi deslocado para o meio-campo, onde ficaria por toda a sua carreira. Em 1957, o Bangu ficou em terceiro lugar no Campeonato Carioca infantil de futebol e, no ano seguinte, o clube alcançou o vice-campeonato no mesmo torneio. Ainda em 1958, Ademir chegou a fazer uma partida pelo time juvenil do Botafogo de Futebol e Regatas, mas preferiu seguir no Bangu.

Já em 1959, Ademir da Guia foi promovido à equipe de juvenis do Bangu, treinada por Tim (Elba de Pádua Lima), que conquistou o Campeonato Carioca de juvenis. No mesmo ano, Domingos da Guia viajou com o filho para São Paulo. Inicialmente, pretendia que Ademir fosse contratado pelo time juvenil do Corinthians. Já em São Paulo, mudou de ideia, levando o pupilo para o Santos FC, onde não houve acerto para a contratação. Assim, Ademir voltou ao Bangu e, em 1960, chegou ao time principal, então comandado por Zizinho (Thomaz Soares da Silva).

Entretanto, o rumo da carreira de Ademir mudou em 1961. A equipe profissional do Bangu fez uma excursão aos Estados Unidos, para jogos amistosos. Logo após a volta do time ao Brasil, Ademir foi vendido à SE Palmeiras, por três milhões e oitocentos mil cruzeiros. Contudo, sua estreia pelo Palmeiras só aconteceu em 8 de abril de 1962, numa partida amistosa contra o Paulista Futebol Clube, de Jundiaí, São Paulo, disputada na cidade de Santa Bárbara d’Oeste. Seu primeiro jogo oficial foi no dia 14 de julho de 1962, contra o Taubaté EC, válido pelo Campeonato Paulista.

Escalado inicialmente como volante, em meio a outros jogadores contratados naquele ano, como Tupãzinho e Djalma Dias, Ademir da Guia já jogou constantemente na campanha que levou o Palmeiras ao título do Campeonato Paulista de 1963. No ano seguinte, cresceu de produção, iniciando a parceria que ficaria famosa no meio-campo do Palmeiras, com o jogador Dudu, que chegou ao clube naquele ano, vindo da Associação Ferroviária de Esportes.

Finalmente, Ademir viveu o primeiro grande ano de sua carreira em 1965: não só foi escolhido como o melhor jogador do Torneio Rio-São Paulo, vencido pelo Palmeiras naquele ano, como foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira, estreando por ela em um amistoso contra a Bélgica, vencido pelo Brasil por 5 a 0. Além disso, todo o time do Palmeiras representou a Seleção Brasileira no amistoso de inauguração do estádio Magalhães Pinto (Mineirão) contra o Uruguai, vencido pelos brasileiros por 3 a 0.

O estilo de jogo altamente técnico da equipe do Palmeiras na época fez com que ela fosse apelidada de “Academia”, e Ademir já se consolidara, então, como o principal destaque palmeirense. Sua fama – e a do Palmeiras – só aumentaram, com a conquista do Campeonato Paulista de 1966 e, no ano seguinte, 1967, com  a Taça Brasil/Campeonato Brasileiro.

Em 1968, o Palmeiras quase obteve seu primeiro título na Copa Libertadores da América, mas foi derrotado na final pelo Club Estudiantes de La Plata, de La Plata, Argentina. Ainda assim, a equipe continuava vencendo: em 1969, conquistou o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Taça de Prata)/Campeonato Brasileiro. No entanto, mesmo considerado titular absoluto e grande destaque do time, Ademir não conseguia oportunidades na Seleção Brasileira, sequer sendo relacionado na lista preliminar de convocados para as Copas do Mundo de 1966 e 1970.

Em 1971, o elenco do Palmeiras passou por mudanças, com a chegada do técnico Oswaldo Brandão e a entrada definitiva de alguns jogadores na equipe titular. O time se entrosou e começou a obter vários títulos em 1972, com destaque para as conquistas do Campeonato Paulista e do Campeonato Brasileiro. Após as alterações ocorridas durante 1971, o Palmeiras voltou a demonstrar um estilo bastante técnico em campo, tornando aquele time conhecido como “A Segunda Academia”. Ademir, por sua vez, era reconhecido como o principal craque do Palmeiras: ganhou a Bola de Prata, da revista Placar, como um dos melhores meio‑campistas do Campeonato Brasileiro, além de recuperar parte do apelido que o pai ganhara nos tempos de jogador, passando a ser chamado de “Divino” desde aquela época.

Em 1973, o Palmeiras seguiria a onda de títulos, conquistando o Campeonato Brasileiro novamente e sendo reconhecido como o grande time do país na época. Por fim, em 1974, Ademir da Guia foi convocado para a Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo daquele ano. Entretanto, não recebeu quase nenhuma chance, atuando apenas na decisão do terceiro lugar do Mundial, em que o Brasil enfrentou a Polônia, sendo derrotado por 1 a 0. Naquele jogo, Ademir foi escalado como titular e esteve em campo até os quinze minutos do segundo tempo, quando foi substituído por Mirandinha (João Miranda da Silva Filho). Depois da Copa, ele jamais foi convocado para a Seleção Brasileira novamente.

De volta ao Palmeiras, Ademir renovou seu destaque, sendo um dos protagonistas da conquista do Campeonato Paulista, no final de 1974, sobre o Corinthians. Em 1975, apesar de continuar titular absoluto, Ademir começou a apresentar alguns problemas respiratórios crônicos. O Palmeiras novamente foi alterando seu time titular aos poucos, mas Ademir ficou como uma das peças‑chave, ajudando o clube a conquistar mais um Campeonato Paulista, em 1976.

No ano seguinte, os boatos de que Ademir deixaria o Palmeiras rumo a outro clube começaram a circular, embora ele continuasse como titular. Até que antes de uma partida contra o Corinthians pelo Campeonato Paulista, Ademir teve uma crise respiratória novamente. Ele até começou como titular, mas foi substituído por Vasconcelos no decorrer do jogo. E aquela foi a última partida da carreira de Ademir: temeroso com os problemas, decidiu parar de jogar. Todavia, Ademir só foi ter um jogo de despedida em janeiro de 1984, com uma partida entre o Palmeiras e uma seleção de jogadores paulistas.

Depois do fim de sua carreira, Ademir passou vários anos sendo professor em escolinhas de futebol para crianças. Até que, em 2004, candidatou-se a vereador, na cidade de São Paulo, pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil), e foi eleito. Em 2008, candidatando-se novamente, agora pelo PR (Partido da República), Ademir não conseguiu a reeleição.

Desde então, aposentado, Ademir representa o Palmeiras em eventos pelo Brasil.

Bibliografia

- BETING, Mauro. Os dez mais do Palmeiras. Rio de Janeiro, Maquinária, 2009.

- SOUZA, Kleber Mazziero de. Divino – A vida e a arte de Ademir da Guia. Rio de Janeiro, Gryphus, 2002.

- Depoimento de Ademir da Guia ao Projeto Futebol, memória e patrimônio, mantido pelo Museu do Futebol em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

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