Barbosa
- Homem de Borracha
- Moacyr Barbosa
Moacyr Barbosa é um dos mais importantes goleiros da história do futebol brasileiro. Filho de ferroviário falecido, o campineiro trilhou para São Paulo em busca de vida melhor. Ainda na várzea, saiu da ponta-direita para o gol, a fim de “quebrar galho”, e nunca mais saiu da posição, tamanho sucesso. Revelado pelo Ypiranga em 1942, Barbosa transferiu-se três anos depois para o Vasco, indicado simplesmente por Domingos da Guia. Pelo cruzmaltino, realizou 431 jogos e empilhou títulos, com destaque para seis estaduais, um Rio-São Paulo (1958) e o Campeonato Sul-Americano de Campeões (1948). Marcando época no “Expresso da Vitória”, chegou naturalmente à Seleção Brasileira, onde conquistou as Copas Roca (1945), Rio Branco (1947 e 1950) e Oswaldo Cruz (1950), além do Sul-Americano (1949). Titular incontestável, foi o primeiro a envergar o número 1 nas costas, já na Copa do Mundo de 1950. Após campanha brilhante do Brasil, ninguém esperava a derrota na final para o Uruguai. Dirigentes, imprensa e intelectuais, todos brancos, atribuíram-lhe a culpa e estigmatizaram goleiros negros. O orgulhoso vice-campeão mundial seguiu a carreira e voltou à Seleção em 1953. Só não foi à Copa seguinte por causa de uma grave fratura na perna direita. Idolatrado, Barbosa não só recebeu inúmeros torcedores no hospital como assistiu a uma campanha de adeptos do Santa Cruz por sua contratação. Além do tricolor pernambucano, o alegre e agradecido goleiro teve passagens por Bonsucesso e Campo Grande, onde encerrou sua trajetória em 1962.
Clubes e Federações
Quando | Onde | Atuação |
---|---|---|
1939-1940 | Comercial da Capital | Goleiro(a) |
1941-1944 | Ypiranga | Goleiro(a) |
1945-1954 | Vasco da Gama | Goleiro(a) |
1950 | Seleção Brasileira Copa do Mundo 1950 | Goleiro(a) |
1955-1956 | Santa Cruz | Goleiro(a) |
1957 | Bonsucesso | Goleiro(a) |
1958-1961 | Vasco da Gama | Goleiro(a) |
1962 | Campo Grande | Goleiro(a) |
Textos
Moacyr Barbosa nasceu em 27 de março de 1921 na cidade de Campinas/SP. Era o quinto filho de uma família de 11 irmãos.
Com a morte precoce do pai, em 1935, foi morar com a irmã mais velha no bairro da Liberdade em São Paulo/SP.
Trabalhou no Laboratório Paulista de Biologia (LPB) e pelo time da empresa disputou torneios amadores da Associação Comercial de Esportes Atléticos (ACEA).
Nos campos de várzea da Baixada do Glicério, jogou também pelo Almirante Tamandaré, no qual trocou a ponta-direita pelo gol.
Em 1942, foi contratado pelo Clube Atlético Ypiranga e estreou contra o Palestra Itália no estadual.
Casou-se com Clotilde Melonio no ano de 1943 a contragosto de seu pai. Viveram juntos por toda a vida.
Por indicação de Domingos da Guia, foi contratado pelo Clube de Regatas Vasco da Gama no fim de 1944.
Com o Vasco, foi campeão carioca em 1945, 1947, 1949, 1950 e 1952, marcando época no time chamado de “Expresso da Vitória” (1944-1953).
Em 1945, foi convocado pela primeira vez pela seleção brasileira e sagrou-se campeão da Copa Roca.
Também conquistou a Copa Rio Branco em 1947 e 1950, quando ganhou do mesmo modo a Taça Oswaldo Cruz.
Em 1948, o grande título pelo Vasco: Campeonato Sul-Americano de Campeões, no Chile, desbancando entre outros o argentino River Plate. Foi a primeira conquista brasileira de um título internacional fora do país.
Já pela seleção, a maior conquista deu-se um ano depois no Campeonato Sul-Americano de Futebol.
Em 1950, tornou-se o primeiro goleiro a vestir a camisa 1 do Brasil, tendo sido vice-campeão na Copa do Mundo disputada no país. Tinha, aliás, orgulho do segundo lugar, algo não valorizado no Brasil, e lamentava ser apontado como um dos culpados, juntamente com Bigode e Juvenal, os três jogadores negros da defesa da seleção, pela derrota frente ao Uruguai.
No ano seguinte, o Vasco, base da seleção brasileira, venceu o Peñarol, base da seleção uruguaia, em dois amistosos, algo apontado como "revanche" pelo Maracanazo.
Em 1953, Barbosa fraturou a perna em choque com o atacante Zezinho, do Botafogo (RJ), e perdeu a chance de disputar a Copa do Mundo de 1954, na Suíça. A contusão, ao menos, serviu para mostrar-lhe como era querido por colegas e torcedores.
Foi por meio de doações de aficionados, inclusive, que teve a contratação bancada pelo Santa Cruz Futebol Clube em 1955. Pelo tricolor pernambucano, foi vice-campeão pernambucano no ano seguinte, além de conquistar o Torneio Início e o Torneio Pernambuco-Bahia.
Em 1957, retornou ao Rio de Janeiro e aceitou o convite para ser técnico no Olaria Atlético Clube. Pouco depois, assumiu a meta do Bonsucesso Futebol Clube.
No ano seguinte, as boas atuações o levaram de volta ao Vasco, onde foi campeão estadual e do Torneio Rio-São Paulo, no Estádio do Pacaembu.
Em 1959, foi finalista novamente deste último sorteio. A despeito de sua grande atuação, o Vasco perdeu para o Santos, no Pacaembu, porém acabou sendo eleito o melhor goleiro da competição.
Dois anos depois, ainda pelo Vasco, seu último título: Torneio de Aspirantes.
Já em 1962, atuou por sua última agremiação: Campo Grande Atlético Clube. Despediu-se do futebol contra o Madureira, saindo lesionado e sob aplausos do público. No mesmo ano, passou a trabalhar na Adeg (Administração dos Estádios do Estado da Guanabara), que geria o Estádio do Maracanã. Trabalhava nas piscinas, dando aulas para crianças e, posteriormente, suas mães. Aposentou-se na década de 1980.
Ao deixar a posição de goleiro, também investiu na carreira de treinador, estando à frente do Walmap (RJ) em 1968, do Tiradentes (RJ) em 1975 e do Auto Esporte (PB) em 1978.
Na década de 1990, cansado de ser cobrado pela derrota em 1950, e devido à doença de sua esposa, mudou-se para a cidade de Praia Grande/SP, perto dos familiares dela. Lá conheceu Tereza Borba, que tinha um quiosque na praia, frequentado pelo ex-goleiro. O marido dela, Mauro, o reconheceu e, a partir de então, tornaram-se grandes amigos ao fim de sua vida.
Faleceu em Praia Grande em 7 de abril de 2000, aos 79 anos.