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Manga

  • Haílton Corrêa de Arruda
Atuação
Goleiro(a)

Clubes e Federações

Quando Onde Atuação
1956-1958 Sport do Recife Goleiro(a)
1959-1968 Botafogo Goleiro(a)
1966 Seleção Brasileira Copa do Mundo 1966 Goleiro(a)
1974-1977 Internacional Goleiro(a)
1978-1979 Operário de Campo Grande Goleiro(a)
1980 Coritiba Goleiro(a)
1981 Grêmio Goleiro(a)

Textos

Hailton Correia de Arruda nasceu no Recife, capital de Pernambuco, Brasil, em 26 de abril de 1937. Ainda adolescente, começou a trabalhar em uma fábrica, em sua cidade natal, mas já jogava futebol nas horas de folga, como goleiro. Aos 15 anos, Hailton trabalhava quando foi convidado por um emissário a fazer um teste no Sport Clube do Recife. Foi aprovado e entrou na equipe juvenil do clube. Ali ganhou o apelido: por sempre pedir as mangas maduras que caíam de uma mangueira próxima ao centro de treinamento do Sport, começou a ser chamado de Manga.

            Pelos juvenis do Sport, Manga sagrou-se tricampeão estadual da categoria. Ao mesmo tempo, já treinava com a equipe profissional. Então, o clube viajou para uma série de amistosos em Portugal. Antes mesmo da viagem, o goleiro titular do Sport, Oswaldo Baliza (Oswaldo Alfredo da Silva), lesionou-se. Então, dois goleiros viajaram para Portugal, mas, já na Europa, o reserva de Oswaldo Baliza machucou o dedo, e Manga ficou sendo o único arqueiro da equipe.

            Com o bom desempenho na excursão a Portugal, retornou ao Recife como titular definitivo dos profissionais, aos 18 anos de idade. Embora não tenha ganhado títulos pela equipe, Manga jogou pelo Sport até 1959, quando foi contratado pelo Botafogo de Futebol e Regatas, a convite do técnico João Saldanha. E chegou já como titular.

            Aos poucos, além de se notabilizar em campo, Manga fez fama com histórias espirituosas. Um exemplo: sempre que o Botafogo jogava partidas contra o Clube de Regatas do Flamengo, Manga dizia à sua esposa: “Pode ir na feira e comprar [tudo] por conta, que o bicho [gratificação por vitória] é certo!”. E confirmava a história, ao ser perguntado por jornalistas se “o bicho era certo”. Algumas das histórias sequer tinham Manga como personagem real, sendo criadas pelo jornalista Sandro Moreyra.

            No Botafogo, Manga conquistou o Campeonato Carioca, em 1961 e 1962, além de dois Torneios Rio-São Paulo, em 1962 e 1964. Titular absoluto do clube carioca, Manga foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira em 1965, estreando num amistoso contra a Alemanha Ocidental em 6 de junho, terminado num empate sem gols. No mesmo ano, em 21 de novembro, Manga teve azar num amistoso contra a União Soviética: ao cobrar um tiro de meta, Manga chutou a bola em cima do atacante Anatoliy Banishevski. A bola bateu na nuca de Banishevski e foi para as redes, representando o primeiro gol soviético no empate em 2 a 2.

            Ainda assim, após o corte de Valdir de Moraes, Fábio e Ubirajara Mota (que estavam na lista dos 44 relacionados para a preparação), Manga foi um dos goleiros convocados para a Copa do Mundo de 1966. Todavia, o goleiro jogou somente uma partida: a última do Brasil na fase de grupos daquele torneio, contra Portugal, após lesão de Gilmar. Assumidamente nervoso no jogo, Manga falhou no segundo gol português, marcado por Antônio Simões. O Brasil perdeu por 3 a 1 e foi eliminado da Copa.

            Retornando ao Botafogo, Manga continuou obtendo sucesso, conquistando mais um Torneio Rio-São Paulo em 1966, além da Taça Brasil/Campeonato Brasileiro em 1968. E ainda obteve mais um bicampeonato estadual, em 1967 e 1968. Neste último título, Manga protagonizou uma história polêmica: acusado pelo jornalista João Saldanha de aceitar suborno antes da partida decisiva, foi tirar satisfações com ele na festa realizada pelo Botafogo em razão do título. Algumas fontes dizem que Saldanha chegou a dar dois tiros na direção do goleiro, que teria fugido do local.

            Depois do campeonato, já em 1969, Manga decidiu ir para o Uruguai, aceitando a proposta do Club Nacional de Fútbol e estreando em um torneio amistoso. No Nacional, viveu a fase considerada por muitos como a melhor de sua carreira: como titular absoluto da equipe, conquistou quatro Campeonatos Uruguaios (1969/70/71/72). Mais do que isso: com o Nacional, ganhou a Copa Libertadores da América e o Mundial Interclubes, em 1971.

            Aos 37 anos, em 1974, Manga decidiu voltar ao Brasil. Estava próximo de um acerto com o SC Corinthians Paulista, mas acabou sendo contratado pelo SC Internacional. E viveu novamente ótima fase, conquistando o Campeonato Gaúcho por três vezes (1974/75/76) e, principalmente, o bicampeonato brasileiro, em 1975 e 1976. Inclusive, na decisão do Campeonato Brasileiro de 1975, contra o Cruzeiro EC, Manga jogou com dois dedos quebrados. Já o bom desempenho em 1976 deu ao goleiro a Bola de Prata concedida pela revista Placar.

            Em 1977 Manga deixou o Internacional e foi para o Operário EC de Várzea Grande, Mato Grosso. Aos 40 anos de idade continuava tendo destaque, sendo um dos responsáveis pela campanha que levou o Operário às semifinais do Campeonato Brasileiro daquele ano. No ano seguinte, novamente Manga mudou de clube, indo para o Coritiba FC, do Paraná. E teve mais sucesso. Primeiro, no Campeonato Brasileiro: pelas boas atuações, recebeu a segunda Bola de Prata de sua carreira. Depois, o Coritiba conquistou o Campeonato Paranaense daquele ano, superando o Clube Atlético Paranaense nos chutes da marca do pênalti, na final. Após empate em 0 a 0 no tempo normal, o Coritiba venceu a disputa por 4 a 1, com Manga defendendo três cobranças.

            O ano de 1979 trouxe um novo clube para a carreira de Manga, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Apesar do histórico com o Internacional, ele foi elogiado e conquistou mais um título, o Campeonato Gaúcho, antes de deixar o clube. Desde então, Manga baseou-se no Equador. Primeiramente, como jogador: em 1980, chegou ao Barcelona SC da cidade equatoriana de Guayaquil, onde se aposentou em 1982, aos 45 anos – não sem antes ter mais uma conquista em sua carreira, o Campeonato Equatoriano de 1981.

            Depois de encerrar a carreira de jogador, Manga seguiu morando no Equador. Primeiramente, foi treinador de goleiros do próprio Barcelona equatoriano, exercendo a função também no CS Emelec e na Sociedad Deportivo Quito. Depois, na década de 1990, foi morar em Miami, Estados Unidos, onde abriu uma escola de treinamento de goleiros, para crianças. Lá ficou até 2009, quando retornou ao Brasil, após ser convidado pelo Internacional para representar o clube em eventos de torcedores e para ser treinador de goleiros. Em 2011, Manga deixou o Internacional e voltou a viver no Equador.

Sua data de nascimento, 26 de abril, é o Dia do Goleiro no calendário brasileiro, em homenagem feita a pedido do tenente Raul Carlesso e do capitão Reginaldo Pontes Bielinski, ambos da Escola de Educação Física do Exército, no Rio de Janeiro.

Bibliografia

BRAGA, Kenny. Os dez mais do Internacional. Rio de Janeiro: Maquinária, 2011.

Depoimento de Manga ao Projeto Futebol, memória e patrimônio, mantido pelo Museu do Futebol em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

DUARTE, Marcelo; MENDES, Mário. Enciclopédia dos craques. São Paulo: Panda Books: 2010.

GUILHERME, Paulo. Goleiros: heróis e anti-heróis da camisa 1. São Paulo: Alameda Editorial, 2006.

NAPOLEÃO, Antônio Carlos; ASSAF, Roberto. Seleção Brasileira, 1914-2006. Rio de Janeiro: Mauad, 2006.

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