Mário Ottoboni
Clubes e Federações
Quando | Onde | Atuação |
---|---|---|
1950-1963 | São José E.C. | Goleiro(a) |
1964-1971 | São José E.C. | Dirigente |
Textos
MÁRIO OTTOBONI
NOME: Mário Ottoboni
FILIAÇÃO: Ângelo Ottoboni e Maria Martins Ottoboni
NASCIMENTO: 11/09/1931
LOCALIDADE: Barra Bonita - Radicado em São José dos Campos desde 1943
GRAU DE INSTRUÇÃO: Jornalista, Advogado – Escritor - Escritor
MODALIDADE: Futebol
CONQUISTAS: Campeonato Paulista da Terceira Divisão 1964 – Campeonato Paulista da Segunda Divisão 1965 – Campeão da Divisão Especial da FPF em 1966. Construção do Estádio Martins Pereira.
Figura quase desconhecida para a maioria dos atuais habitantes da cidade, Dr. Mário é um dos mais importantes personagens da história de São José dos Campos nos últimos 50 anos. Advogado há mais de 45 anos, este paulista nascido em Barra bonita a 11 de setembro de 1931, aos 12 anos de idade aportou em São José dos Campos na companhia dos pais, Ângelo Ottoboni e Maria Martins Ottoboni, aqui constituindo família, construindo carreira profissional como Secretário Administrativo da Câmara Municipal iniciada em 1951, função que exerceu por mais de 20 anos.
Líder inato, como Secretário Administrativo esteve à frente dos trabalhos no início da década de 1950, na primeira legislatura da Câmara Municipal. Foi ele quem estruturou a Câmara Municipal no início da Democracia no país. À época os vereadores eram eleitos pela população, mas não eram remunerados, ao contrário do que hoje acontece. Quem ocupava esse cargo procurava desempenhá-lo com o máximo de dignidade. Naquele tempo ocupar um cargo público era de grande importância social. Foi convidado a candidatar-se a vereador da cidade em mais de uma oportunidade, porém jamais aceitou. Trabalhou como chefe de Gabinete do Dr. José Marcondes Pereira assim como do Deputado Benedito Matarazzo.
Homem de caráter ilibado e de grande prestígio já naquela época, Dr. Ottoboni foi “convocado” a tomar a frente da diretoria do Esporte (Clube São José) que, passada a euforia dos primeiros anos começava a entrar em declínio. Dr. Ottoboni argumentou que só aceitaria o cargo se lhe dessem carta branca para desenvolver seu plano de trabalho. Os demais componentes da diretoria aceitaram prontamente uma vez que àquele momento não encontrariam outra solução. Ottoboni assumiu em 1963. Para que o plano desse certos, três coisas se tornava necessárias: melhorar as acomodações do estádio, montar uma equipe capaz de lutar de igual para igual com as demais concorrentes no campeonato, buscar a profissionalização do clube junto à Federação Paulista de Futebol.
Como início de trabalho o novo presidente mandou construir arquibancadas de madeira, para 5.000 lugares. Paralelamente, ordenou que se fizesse uma seleção com os melhores jogadores do futebol amador da cidade. Ao final da “peneira” a equipe foi formada tendo como base o Corinthians de Jardim Paulista. Para aumentar o poderio técnico da equipe o clube foi buscar jogadores do sul de Minas Gerais. Na condição de “caçula” o Esporte Clube São José participa pela primeira vez do Campeonato Paulista da Terceira Divisão do futebol profissional do Estado de São Paulo em 1964, logrando conquistar o título já no ano de estreia.
Campeão da Terceira Divisão em 1964 o São José ganha o direito de participar do campeonato da Segunda Divisão do ano seguinte. Repetindo o que ocorrera no ano anterior o “Formigão do Vale” se sai vencedor novamente. Essa conquista lhe assegura o direito de participar do Torneio de Acesso na temporada seguinte, fato não corrido em razão de portaria baixada pela Federação Paulista de Futebol, que impedia a participação de associações cujos estádios não alcançassem a lotação mínima de 16.000 torcedores. A notícia pegou a todos de surpresa, principalmente a torcida, que a recebeu como se fosse um soco no queixo. A condição imposta pela Federação não apresentava outra alternativa: é pegar ou largar. Homem de fibra, Dr. Ottoboni não se deixaria perder pelo caminho. Arregaçou as mangas e foi à luta. Convocou seus pares de diretoria para apresentar-lhes seu “plano diretor”. O tal plano diretor consistia em criar algumas situações simultâneas que auxiliasse o clube a conseguir dinheiro para a construção do Estádio: conseguir financiamento junto aos bancos da cidade, aumentar o número de sócios, realizar uma campanha para arrecadar dinheiro junto aos torcedores.
Grande parte das pessoas não acreditava que o estádio pudesse ser construído. Uns diziam que o clube jamais teria condições de possuir possui-lo; outros afirmavam que não haveria público suficiente para lotar um “campo daquele tamanho”. Dizia-se à boca pequena que ao se dispor a construir o campo esportivo o mandatário estaria se mostrando demasiadamente presunçoso.
Dois anos e alguns dias foi o tempo gasto entre o início dos trabalhos e a inauguração do campo, ocorrido em 15 de março de 1970. Sport Club Internacional e Clube Atlético Mineiro protagonizaram o primeiro espetáculo futebolístico naquela praça de esportes. Dario, do Atlético Mineiro foi o autor do primeiro gol no novo estádio.
Antes é preciso que se diga: com a necessidade da construção do estádio o elenco teve que ser desativado. Alguns jogadores foram negociados com clubes da capital. Outros receberam passe livre. Sérgio foi “trocado” pela iluminação do Estádio, em transação realizada com o São Paulo; Teodoro também foi negociado com o clube do Morumbi; Golê foi comprado pelo Corinthians. Tendo dado uma nota promissória como garantia Leão comprou o passe, revendendo-o posteriormente ao Comercial de Ribeirão Preto. Ainda sob a gestão do Dr. Ottoboni, antes de fazer sucesso em outros clubes: Baiano, Lance, Tininho, Ferreti... Findo os trabalhos, em retribuição aos relevantes serviços prestados o conselho deliberativo do clube decidiu homenageá-lo batizando o novo Estádio com o seu nome. Avesso a ostentações Dr. Ottoboni se recusou a receber tal honraria, alegando que não haveria razão para trocar de nome. A história é a mestra da vida. Não se deve apagar a história, disse.
Diante da recusa os conselheiros então decidiram afixar na Secretaria uma bonita placa contendo sua foto e os seguintes dizeres: Mário Ottoboni: Eterno Presidente. Tempos depois, recebendo a visita de um parente, Dr. Ottoboni levou-o ao estádio a fim de mostrar-lhe a homenagem com que fora agraciado. Procura daqui, procura dali e nada de achar a tal placa. Para surpresa de ambos a placa foi encontrada jogada a um canto na privada. Bem humorado, ele diz ser o único presidente de clube a ser privatizado. Após vencer o mandato ele retirou-se de cena, voltando a condição de torcedor comum. A saída de presidência coincidiu com a chegada de Sérgio Cabral de Oliveira indicado ao cargo pela Arena. Ottoboni sentiu-se perseguido pelo regime, tendo sido, inclusive, acusado de ser comunista. De sorte que era bem relacionado: era amigo de dois ex- delegados do Dops, que o defenderam de tais acusações, assegurando ser ele um democrata da mais pura estirpe. Ao levantarem a ficha para identificar quem o havia incriminado por subversão é que ficaram sabendo que a acusação partira da alta cúpula da prefeitura.