Centro de Referência do Futebol Brasileiro

São José Esporte Clube

Íntegra da Ata da fundação do Esporte Clube São José:

Aos treze de agosto de 1933, na cidade de São José dos Campos no prédio nº 7 da Rua Sebastião Humel, onde será instalada a sede social, presentes os membros da comissão organizadora, srs: Galiano Alves, Victorio Pulga, Pedro S. de Faria, Clementino de Oliveira e demais pessoas que assinaram a presente, realizou-se a sessão de fundação do Esporte Clube São José, ficando assim registrado o que se passou: - às 20 horas precisamente foi pelo senhor Galiano Alves, que presidiu a sessão, declarado iniciados os trabalhos, convidando para tomarem parte nos mesmos os seus companheiros de Comissão, e o senhor Carlos Belmiro dos Santos para servir de secretário.

Passou o senhor Galiano a expor os motivos daquela reunião, ficando deliberado que a eleição da directoria seria no próximo dia 15 às 8 horas da noite. Por proposta do senhor Galiano ficou aprovado as cores preta e branca para distintivo do clube. Em nome do Internacional Futebol Clube falou o Sr. José Pereira, que autorizado pelos seus companheiros de diretoria, declarou estar inteiramente de acordo com a fusão de seu clube com o Esporte Clube São José, ao qual fazem entrega de todos os seus troféus.

Quanto a contribuição dos sócios fica estabelecido o seguinte: os sócios fundadores ficarão isentos do pagamento das joias, pagando apenas a mensalidade que será de dois mil réis mensais e os demais terão que pagar a joia que será de 5.000 (cinco mil réis). Tendo sido distribuídos grande número de circulares e não sendo possível o comparecimento de muitas pessoas que enviaram por intermédio de seus amigos, digo que apresentaram escusas, por intermédio de seus Amigos, ficou assentado que a presente Acta ficaria em aberto para receber as assignaturas dessas pessoas até o dia 15, de modo que os mesmos fiquem consideradas como sócios fundadores.

Pelo senhor Nelson Martins Pereira foi proposto que, além do futebol, que é o esporte a ser cultivado de preferência, fosse também o athletismo, em todas as suas modalidades, de acordo com as possibilidades do clube. Esta proposta foi aceita com enthusiasmo. Ofereceu os seus serviços o senhor Renato Becker, que declarou ficar à disposição da diretoria como engenheiro que é, acompanhar e fiscalizar a construção do campo, o que foi aceito. Ainda pelo senhor Nelson Martins Pereira foi consignado que ficasse um voto de louvor à Comissão pelo trabalho apresentado até hoje em beneficio da mocidade joseense, que doravante terá mais um lugar para praticar esporte. Foi proposta do senhor Francisco Moraes, da qual foi aprovada, ficou assentada que se oficiasse à veterana Associação Esportiva São José, felicitando-a pela passagem do 20º aniversário, ocorrido nesta data.

Nada mais havendo a tratar, o senhor Galiano Alves, como presidente da sessão, agradece o comparecimento dos presentes convidando a todos para assignarem esta acta. Segue-se às assignaturas...

Primeiro Conselho Deliberativo – 1933. Sebastião Henrique da Cunha Pontes – Renato Becker, Cel. João Domingues de Vasconcelos, João Lopes Simões, Clementino de Oliveira, João Batista de Souza Soares, Conrado Bonádio, Mario Waiss e Roberto Waiss.

Primeira Diretoria Executiva – 1933.

Presidente – Galiano Alves; Vice-presidente – Victorio Pulga; 1º Secretário – Carlos Belmiro dos Santos; 2º Secretário – Luiz Monteiro; 1º Tesoureiro – Flodermont Santini; 2º Tesoureiro – Mario Martins Pereira; 1º Diretor Esportivo – Nelson Martins Pereira; 2º Diretor Esportivo – José Honório Pereira.

Maior Rival

Texto extraído da sinopse do livro “Futebol Emoção”, não publicado, de autoria de Valter Brazão: ”Desde sempre Associação Esportiva São José, a “Vermelhinha”, e Esporte Clube São José ou simplesmente Esporte, como era conhecido o segundo, mantiveram incontável realidade no futebol da cidade, e por extensão no Vale do Paraíba. Associação x Esporte era sinônimo de falatório. Um mês antes de o jogo acontecer os ânimos já se faziam exaltados. Ninguém conseguia manter a neutralidade, cada qual puxando a brasa para sua sardinha, uma vez que o sujeito ou era alvinegro ou era alvirrubro...”.

Um fato curioso, para não dizer, anormal, aconteceu em junho de 1945: não se sabe por iniciativa de quem, foi proposta a fusão entre os dois clubes. O nome do estádio permaneceria o mesmo, sendo preta, branca e vermelha as cores da nova entidade. Sociedade Esportiva São José seria o nome dado à nova agremiação. Proposta não aceita é claro! Sugestão idêntica havia sido ventilada pelo senhor Arnaldo Cerqueira, em 1935.  Não há a menor sombra de dúvidas que o sucesso de um era a causa de inveja do outro...

Não encontramos registros de confrontos entre os dois clubes anterior a esta data, todavia, a página 23 do livro Esporte, Formigão e Águia, do jornalista e escritor Alberto Simões, cita que no dia 21 de setembro de 1941 Esporte e Associação se enfrentavam. Vitória da Associação pelo “score” de 2x1. O Esporte jogou com: José Augustinho e Nelson. Dias, Dionísio e Marcilio. Dino, Nelsinho, Mingo, Mesquita e Pietrobon. Associação: Jacinto, Mineiro e Borracha. Vitorino, Saci e Nenê. Chiquinho, Zico, Zé d Costa, Abilinho e Moraes. Gols de Moraes e Zé da Costa para a Associação, e Pietrobon, para o Esporte. Ao longo dos anos, muitos foram os confrontos envolvendo estes dois grandes clubes do futebol amador joseense. Tal rivalidade só terminou com a extinção do departamento de futebol da Associação ocorrida em 1957.

Paradoxalmente, a melhor fase do Esporte Clube São José acontece exatamente - ou a partir do momento – em que a chamada “vermelhinha” resolve abandonar de vez a prática do futebol: Tricampeão amador em (1957, 1958 e 959) o alvinegro de Rua Antonio Saes decide aventurar-se no regime profissional. Todavia, a inexperiência e a falta de melhor condição financeira leva-o de volta o ano seguinte à pratica  do futebol não remunerado.

O Retorno

O clube voltaria a disputar os campeonato organizados pela Liga Municipal de Futebol de São José dos Campos quando, a partir de 1964, passa a ter participação efetiva nos eventos realizados pela Federação paulista de Futebol. Campeão da 3ª Divisão em 1964, campeão da 2ª Divisão em 1965, campeão da 1ª Divisão em 1972 (a Federação suspendeu a Lei de Acesso naquele ano, de modo que o time levantou a taça, mas não foi provido à Divisão Especial), campeão da 2ª Divisão do Estado de São Paulo em 1980 em memorável jornada frente ao Grêmio Catanduvense; vice-campeão Paulista da 2ª Divisão em 1987, vice-campeão  1989, em decisão de dois jogos ocorridos no “Cícero Pompeu de Toledo”, o gigante do Morumbi.

O agora São José Esporte Clube ( mudou de nome em 1976) disputa o seu primeiro Campeonato Brasileiro época denominada Taça de Ouro, em 1982. O clube voltaria a disputar o campeonato brasileiro em 1990. Rebaixado no futebol paulista, o time da “capital do avião”  tem encontrado muitas dificuldades para retornar à elite do futebol de São Paulo.