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Dondinho

  • João Ramos do Nascimento
Atuação
Atacante
Nascimento
02/10/1917
Campos Gerais, Minas Gerais, Brasil
Morte
16/11/1996
Santos, São Paulo, Brasil

Atacante mineiro, entrou para a história do futebol mundial como pai de Pelé, o Rei do Futebol, mas foi um jogador famoso no Sul de Minas Gerais, pois era um atacante muito hábil com a bola nos pés e um fantástico cabeceador, inclusive alcançando a façanha de marcar cinco gols de cabeça, pelo Yuracan de Itajubá-MG, em um mesmo jogo. Uma lesão no joelho, em 1940, prejudicou-lhe a carreira, mesmo assim ele só pendurou as chuteiras aos 37 anos, no Bauru A.C. (SP). Faleceu de insuficiência cardíaca aos 79 anos. Foi sepultado no Cemitério da Filosofia, em Santos (SP).

Clubes e Federações

Quando Onde Atuação
1938-1940 Yuracan Atacante
1940 Atlético Mineiro Atacante

Textos

Dondinho era um homem discreto, apesar de ser pai de Pelé, uma das personalidades mais famosas e reconhecidas do mundo. Assim como o filho ele também foi jogador de futebol famoso, embora seu reino tenha se limitado ao sul mineiro e interior paulista.

Começou a carreira de jogador de futebol em 1935, quando deixou Campos Gerais, sua cidade natal, e mudou-se para Três Corações para cumprir o serviço militar obrigatório. Era hábil, gostava de carregar a bola e poucos conseguiam tomá-la, sem precisar apelar para faltas. Em pouco tempo era titular do Atlético de Três Corações.

Mas a principal arma do atacante era mesmo a cabeçada, forte e precisa. Tanto que em 19/08/1939, Dondinho marcou pelo Atlético quatro gols de cabeça, sobre o Combinado de Alfenas, vitória por 5X2, com o detalhe que o Alfenas ganhava por 2X1 até 15 minutos antes do fim do jogo. A façanha acabou sendo registrada em O Jornal, no Rio de Janeiro.

O futebol ainda era amador, por isso, apesar de vinculado ao Atlético, Dondinho tinha liberdade para defender outros times da região, como por exemplo, o Yuracan F.C., de Itajubá, que contou com os préstimos do atacante em vários jogos importantes entre 1938 e 1940, como na final do campeonato da cidade, em que o Yuracan ganhou do arquirrival Smart por 6X2, com cinco gols de cabeça de Dondinho, um recorde mundial.

Desta vez a fama de Dondinho chegou à Belo Horizonte, onde o Atlético Mineiro há tempos estava atrás de um centroavante para substituir o ídolo Guará, afastado dos campos após sofrer um traumatismo craniano numa disputa de bola com o palestrino Caieira. Aos 22 anos Dondinho foi convidado pelo Atlético Mineiro para jogar um amistoso contra o São Cristóvão, do Rio de Janeiro. Era a sua grande chance, e, ainda por cima no momento importante, em que sua esposa, Celeste, estava grávida de três meses.

No dia 08/04/1940, Dondinho vestiu pela primeira vez a camisa do Galo Mineiro, e diante da torcida atleticana, no velho Estádio Antônio Carlos. Também foi a última. Quem conta é o próprio Dondinho em depoimento à revista O Cruzeiro, em novembro de 1971, republicado pelo jornalista Frederico Ribeiro, site Globo Esporte: “Modéstia à parte, o destino só me abriu as portas da fama uma vez. Foi em Belo Horizonte. Havia um amistoso entre meu time, o Atlético Mineiro, e o São Cristóvão, do Rio. O meu futuro iria depender daquele jogo. Até parece que estou vendo a cena na frente de meus olhos. Numa bola dividida, que estava mais para mim, Augusto, o 'becão' que me marcava dentro da área, pegou meu joelho torto no carrinho, e lá se foram todas as esperanças de conseguir o contrato que precisava. Como operação de meniscos era negócio só para rezadeira curar, o remédio foi me fazer de durão e continuar a minha lida, vagando pelo interior acanhado, de onde tinha saído, para não deixar a mulher e os meninos sem comida”.

Depois da decepção em Belo Horizonte, Dondinho voltou a Três Corações. Ainda em 1940 voltou a sorrir com o nascimento do primeiro filho, que recebeu o nome de Edson, uma homenagem a Thomas Alva Edson, inventor da lâmpada elétrica e grande empresário nos Estados Unidos. Celeste e Dondinho tiveram mais dois filhos, Jair, apelidado de Zoca, que chegou a tentar a sorte no futebol profissional, sem êxito, e Maria Lúcia, que casou-se com o atacante David, ex-Internacional, Corinthians, Cruzeiro, entre outros.

Em 1941 Dondinho teve uma rápida passagem pelo Hepacaré, de Lorena-SP, retornando logo ao Atlético de Três Corações, pelo qual conquistou a Taça Guaraína, um torneio amistoso que reuniu alguns times da região. O Atlético deveria ser o representante da cidade, mas preferiu unir forças com outros times, no caso, Canto do Rio, Time do Exército e Gymnasio e montou um a Seleção da Liga Esportiva Tricordiana, ou LET. A vitória na final, em 17/12/1941, foi sobre o Yuracan, por 4X1, com três gols de cabeça de Dondinho, que foi carregado pelos torcedores pelas ruas de Três Corações. Aliás, o historiador Victor Cunha, em depoimento ao repórter Alexandre Alliatti, contou que o pai do Pelé também teria marcado cinco gols de cabeça pelo Atlético, em uma vitória por 6X1 contra o Ribeirão Vermelho.

Em 1943, Dondinho foi para São Lourenço, defender o Vasco da Gama local. Dois anos depois foi contratado pelo Bauru A.C., pelo qual jogou até 1952, quando pendurou as chuteiras.

Voltando ao incidente da lesão do joelho, dez anos depois, Augusto era o capitão da Seleção Brasileira, enquanto Dondinho estava em Bauru (SP), chorando, ao lado do rádio que acabara de transmitir a vitória do Uruguai por 2X1, sobre o Brasil de Augusto, em pleno Maracanã, tornando-se assim bicampeão da Copa do Mundo. O menino Édson, aos 10 anos de idade, prometeu que um dia traria a tal Copa para o pai.

Dondinho faleceu em 1996, aos 79 anos, vítima de insuficiência cardíaca. Foi enterrado no Cemitério da Filosofia, em Santos.

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