Centro de Referência do Futebol Brasileiro

HISTÓRICO DOS TIMES

CLUBE ATLÉTICO MINEIRO

O Clube Atlético Mineiro é o mais antigo clube de futebol de Minas Gerais em atividade, fundado em 1908. Em época que o futebol era tido como prática restrita à elite, a fundação do clube representou uma opção de lazer aos moradores de Belo Horizonte, alheios ao que era comum aos mais abastados. As raízes de sua fundação remontam a 1904, quando Vitor Serpa, um carioca que realizara parte de seus estudos na Suíça e por lá aprendeu a jogar futebol, em seu retorno ao Brasil juntou-se a um grupo de jovens que fundaram o Sport Club Foot-Ball, o primeiro do gênero na capital mineira.

O surgimento de mais dois outros clubes (Plínio Futebol Club e Clube Atlético Mineiro, sendo este sem vínculos com o atual) estimulou a criação de uma Liga composta pelos três, que passaram a disputar campeonatos, algumas vezes com um clube representado por dois times (como na primeira edição), outras com campeonatos que não chegaram ao seu fim, por motivos que foram do excesso de chuvas à falta de jogadores. Depois que a prática do futebol na cidade passou por altos e baixos, nova reunião de jovens estudantes em 25 de março de 1908, no coreto do Parque Municipal de Belo Horizonte, celebrou o surgimento do Atlético Mineiro Futebol Clube, que possuía como diferencial o aceite de pessoas de diferentes grupos sociais.

O primeiro terreno para o clube construir seu campo, situado à rua Guajajaras, veio por cessão da prefeitura. As medidas do terreno giravam em torno de 30 metros de largura por 75 de comprimento, bem distantes das oficiais. O segundo campo que pertenceu ao Atlético situava-se ao lado da estação ferroviária da cidade, e que outrora fora campo do Sport Club. A ausência de restrições para integrar seus quadros certamente contribuiu para que o clube aumentasse o número de adeptos pela cidade. Dentre as curiosidades que compõem sua história, o Clube Atlético Mineiro foi o primeiro time de Minas Gerais a substituir as então comuns bolas de meia por bolas de couro.

O escudo data de 1922, com pequenas alterações até que se chegasse ao formato atual: grandes listras pretas separadas por pequenas listras brancas, e a sigla “CAM” acima. Preto e branco são as cores do time, e Galo a mascote, criada pelo ilustrador Pierucetti em 1943 a convite da Folha de Minas, jornal que promovia uma campanha para criação de símbolos para os clubes de Belo Horizonte. O primeiro hino do time foi composto em 1928, com música de Augusto César Moreira e letra de Djalma Andrade, enquanto que o hino popular data de 1969, e tem letra e música de Vicente Motta. O verso “nós somos campeões dos campeões” alude ao primeiro torneio interestadual disputado entre times da região Sudeste, vencido pelo Clube Atlético Mineiro, enquanto que outro verso, “nós somos campeões do gelo” é referência a um torneio disputado e vencido na Europa em 1950, que contava com times da Alemanha, Áustria, Bélgica, Luxemburgo e França.

A sede social e administrativa foi fundada em 24 de março de 1962 e localiza-se na Avenida Olegário Maciel, 1516, no bairro de Lourdes. O Estádio Governador Magalhães Pinto, consagrado como Mineirão, é onde o “Galo” recebe seus jogos quando é anfitrião. Protagoniza ao lado do Cruzeiro Esporte Clube aquele que é considerado o maior derby de Minas Gerais.

A inscrição no primeiro torneio de futebol oficial da cidade, a Taça Bueno Brandão, foi feita já com o nome atual, Clube Atlético Mineiro, e o título do torneio foi conquistado de forma invicta. Em 1915 foi disputado o primeiro Campeonato Mineiro, com nova conquista atleticana tendo o centroavante Meirelles (1912-1915) como um dos destaques. Outro jogador, o centroavante Mário de Castro (1926-1931), garantiu seu nome registrado nos anais do futebol brasileiro por ter sido o primeiro jogador fora do eixo Rio-São Paulo a ser convocado para a seleção brasileira. Ao longo de sua história, foram 41 títulos deste torneio, que se somam às conquistas do campeonato brasileiro de 1971 e aos dois títulos da Copa Conmebol (1992-1997).

Na conquista do título do Brasileiro de 1971 o centroavante Dadá Maravilha (1968-1973 e 1974-1978) foi o artilheiro da competição, com 15 gols. Já o também centroavante Reinaldo (1975-1985) foi quem mais fez gols com a camisa do “Galo”: 255. Também se destacou em sua passagem pelo Clube Atlético Mineiro o goleiro Kafunga (1935-1955), tanto por seu talento com a bola quanto por ter incrementado o vocabulário do futebol com expressões como “não tem coré-coré”, “o gol foi barra limpa” ou “vapt-vupt”. Finda sua carreira de jogador de futebol tornou-se célebre comentarista esportivo na tevê devido à sua postura descontraída ante a sisudez que marcava os debates esportivos de então. Outros jogadores cujas carreiras alcançaram notoriedade no Clube Atlético Mineiro foram o volante Toninho Cerezo (1973-1983 e 1997), o meia Paulo Isidoro (1973, 1975-1979 e 1985-1987), o atacante Marques (1997-2002, 2005 e 2008) e o meia e atacante Ronaldinho Gaúcho, campeão da Copa do Mundo de 2002 pela seleção brasileira e que veste a camisa do galo mineiro desde 2012.

REFERÊNCIAS:

MAZZONI T. História do futebol no Brasil. São Paulo: [s.n.], 2007.

MINI-ENCICLOPÉDIA DO FUTEBOL BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Areté, 2004.

SIDERAL, W.; FIDUSI, A. Meu pequeno atleticano. Caxias do Sul: Belas-Letras, 2010.

SITE OFICIAL DO ATLÉTICO MINEIRO. . Último acesso em 29/01/2013.