De Maradona para Rivellino

Camisa autografada por Maradona, exposta na Sala Pelé, out. 2025. Acervo Museu do Futebol | Foto: Nilton Fukuda

Camisa de mangas curtas, listrada nas cores azul celeste e branca, com 72 cm de altura por 54 cm de largura. A gola é redonda e no seu interior é possível observar a etiqueta fixada no tecido da Le Coq Sportif, empresa francesa de material esportivo. Nota-se na etiqueta a letra L, que na Argentina é o equivalente ao tamanho G, isto é, de dimensão grande. Na parte da frente do objeto, do lado direito, bordado na cor preta, constata-se o logotipo da empresa, a representação de um galo estilizado dentro de um triângulo equilátero.  

No lado esquerdo observa-se um escudo, também bordado, mas com fios dourados, e no seu interior o número 86. Abaixo folhas de louros, clássica referência à vitória, enquanto acima há uma bandeira da Argentina, estilizada, sem o sol, mas mantendo a faixa horizontal branca ladeada por faixas azuis celestes acima e abaixo. Tudo isso sobre fundo bordado preto. Mas o que mais chama a atenção é a inscrição “Para mi maestro de toda mi vida el más grande Rivo te quiero Maradona Diego 10” feita em caixa alta com caneta preta, centralizada na camisa.  

Na parte de baixo, próximo da barra, do lado direito, sobre uma listra azul uma etiqueta preta em que consta: “Produit authentique Le Coq Sportif repliqua de maillot de football /  Iapius ancienne marque français de donneterie sportive“, isto é, “Camisa de futebol réplica autêntica da Le Coq Sportif / a mais antiga marca francesa de equipamentos esportivos” e novamente temos o logotipo da empresa, nas cores da bandeira francesa, ou seja, em azul, branca e vermelha. No verso, na parte superior da camisa, está escrito em caixa alta “Maradona” e logo abaixo temos o número 10, todo o conjunto em preto. 

Trata-se da camisa retrô comemorativa, baseada no modelo usado por Diego Armando Maradona, na final da Copa do Mundo de 1986, no México, quando a Seleção Argentina derrotou a Seleção Alemã Ocidental por 3 a 2, conquistando, assim, o bicampeonato mundial de futebol. 

Curiosamente, a camisa não tem o escudo da Associación del Fútbol Argentino (AFA), o que indica, provavelmente, que não houve um acordo comercial entre a empresa francesa e a entidade argentina para a produção de uma réplica oficial. 

A história por trás deste objeto exposto no Museu do Futebol desde 14 de outubro de 2025 faz a ausência do escudo da AFA ser uma mera particularidade, uma vez que, além de autografado por um dos maiores craques de todos os tempos, pertence a outro gigante do futebol mundial. Apesar de ser comparado desde sempre com Pelé, o Rei do Futebol, Maradona, desde criança, idolatrava um outro conhecido camisa 10 brasileiro, Roberto Rivellino.  

O fascínio do Pibe de Oro pelo Reizinho do Parque começou em 1970, por causa da atuação do brasileiro, canhoto como o menino argentino de nove anos, que acompanhou pelo rádio a Copa do Mundo do México. A admiração só cresceu ao longo dos anos. Poderiam inclusive ter se encontrado no fatídico Brasil 0X0 Argentina, em Rosário, pela Copa do Mundo de 1978, mas Diego acabou ficando de fora da lista final do treinador Menotti, enquanto Rivellino, contundido, teve de se resignar a ficar só na torcida. 

Ídolo e fã acabaram se encontrado em outras ocasiões. Como no dia 4 de julho de 2014, em plena Copa do Mundo do Brasil, no estúdio da TV venezuelana Telesur montado no Rio de Janeiro, onde o craque argentino comandou o programa De Zurda, e fez questão de receber como convidado de honra o craque brasileiro. Trocaram gentilezas, palavras de admiração mútua e, como não poderia deixar de ser, presentes: Rivellino deu uma réplica da camisa da Seleção Brasileira da Copa de 1970 e Maradona deu a camisa, tema deste artigo. 

Maradona e Rivellino, no programa De Zurda | Instagram @Rivellino1010. jul. 2014

Em outubro de 2025, o Museu teve a honra de receber Rivellino para verificar como ficou a instalação da camisa na vitrine da Sala Pelé. 

Da esquerda para a direita: Marcel Tonini, pesquisador do CRFB, Rivellino e Marília Bonas, diretora técnica do Museu do Futebol. Acervo Museu do Futebol, out. 2025. | Foto: Cássio Brandão.

Sibelle Barbosa

Museóloga do Museu do Futebol

Ademir Takara

Bibliotecário do Museu do Futebol

REFERÊNCIAS

CASSIO, José. Comparado a Pelé, Maradona se ajoelhou e beijou o pé esquerdo de Rivelino. Diário do Centro do Mundo [Site]. 25 nov. 2025. Acesso em: 01 nov. 2025 

Convidado de Maradona, Rivellino mantém opinião: “Pelé foi o melhor”. GloboEsporte.com [Site]. 04 jul. 2014. Acesso em: 01 nov. 2025.

De zurda – #RivelinoDeZurda, parte 2 de 4Televisión Pública [Youtube]. 02 jul. 2014. Acesso em: 01 nov. 2025 

Ídolo de Maradona, Rivellino lamenta morte do argentino: ‘Perdemos um dos maiores’. IstoÉ Esportes [Site]. 25 nov. 2020. Acesso em: 01 nov. 2025.

TORRAGA, Tales. “Era a elegância e a rebeldia”: como Rivellino virou ídolo de Maradona. UOL [Site]. 25 nov. 2020. Acesso em: 01 nov. 2025.

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