Futebol Cards Ping Pong

Exemplares do Futebol Cards com os jogadores Amaral, Edu, Nilton Batata, Paulo César Carpeggiani e Marinho. Acervo Museu do Futebol | Foto: Nilton Fukuda

Conjunto de cinco cartões de papelão medindo 9cm de altura e 6,5cm de largura. Cada cartão contém, na face frontal, retrato colorido de busto de figura masculina vestindo o uniforme de um clube de futebol: S.C. Corinthians Paulista, Santos F.C., São Paulo F.C, C.R Flamengo e a A. Portuguesa de Desportos. Na parte inferior, consta uma legenda contendo seu nome e o clube ao qual se vincula. No verso, há uma ficha de apresentação do jogador retratado, com dados relativos ao seu nascimento, altura, peso, equipes em que atuou, títulos conquistados e curiosidades sobre sua trajetória. Abaixo, lê-se “Ping Pong”, “[número]”, “Futebol Cards”. 

A coleção “Futebol Cards Ping Pong” foi lançada na virada de 1978 para 1979.  Era formada por 484 cards colecionáveis de jogadores de 22 times do futebol brasileiro. Esse número foi o total de cartões das duas fases. Os cards e o chiclete (do mesmo tamanho das cartas) vinham embalados num envelope que trazia um conjunto de três cartões cada. Cada cartão estampava o retrato de um jogador e, no verso, uma ficha completa com seus dados pessoais, clubes, hobbies e curiosidades. 

A chamada primeira fase do projeto trazia os times de São Paulo (São Paulo FC, SE Palmeiras, SC Corinthians Paulista, Associação Portuguesa de Desportos, Santos FC, AA Ponte Preta, Guarani FC e Botafogo FC de Ribeirão Preto), Rio de Janeiro (CR Vasco, CR Flamengo, Fluminense FC e Botafogo FR) e Rio Grande do Sul (Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e SC Internacional). Só na segunda fase entraram os times do Paraná (Londrina EC, Club Athletico Paranaense, Coritiba FC e Colorado EC) e de Minas Gerais (Clube Atlético Mineiro, Cruzeiro EC, América FC e AA Caldense).   

A coleção ficou conhecida como uma das primeiras a trazer o termo “card” no Brasil e por sua qualidade, que remetia aos tradings cards americanos. A americana General Foods comprou a marca brasileira Kibon em 1965. Da matriz, veio a ideia de fazer no Brasil algo que funcionava muito bem nos Estados Unidos. A empresa fazia sucesso com seus cards de beisebol, lançados em 1963, inicialmente nas embalagens de Post Cereal e Jello.  

Calcula-se que foram vendidas 1 milhão de unidades do Futebol Cards. O número é pequeno se comparado às 15 milhões de unidades de chiclete de bola de 5,8 gramas que a empresa vendia todos os dias. Mas, o produto acabou fazendo história por ter trazido uma nova cultura de colecionismo ao Brasil, que resiste até hoje. Ao contrário das figurinhas, coladas em álbuns, os Futebol Cards davam aos torcedores uma sensação de proximidade com os ídolos. Mesmo quase cinco décadas depois, os Futebol Cards ainda movimentam paixões e altas cifras. Há colecionadores que pagam caro por um cartão raro, especialmente os que têm erros de impressão ou versões alternativas dos jogadores. 

Publicidade do Futebol Cards veiculada na revista Placar, edição de abril de 1979 | Revista Placar

A partir de 1980, foi lançada uma segunda série, batizada de Grandes Jogos, com 104 cards dedicados a confrontos memoráveis do futebol nacional. A coleção, desta vez, veio acompanhada de um álbum, enquanto a primeira oferecia uma caixinha porta-cards. 

Botafogo X Fluminense, na segunda série do Futebol Cards, batizada de “Grandes Jogos” | Acervo Museu do Futebol | Foto Rogério Alonso
Ponte Preta X Corinthians, na segunda série do Futebol Cards, batizada de “Grandes Jogos” | Acervo Museu do Futebol | Foto Rogério Alonso

Marcelo Duarte
Jornalista e curador da exposição principal do Museu do Futebol

Pular para o conteúdo
Governo do Estado de SP