Zico
- Arthur Antunes Coimbra
- O Galinho de Quintino
Clubes e Federações
Quando | Onde | Atuação |
---|---|---|
1971-1983 | Flamengo | Meio Campo |
1985-1990 | Flamengo | Meio Campo |
1978 | Seleção Brasileira Copa do Mundo 1978 | Meio Campo |
1982 | Seleção Brasileira Copa do Mundo 1982 | Meio Campo |
1983-1985 | Udinese | Meio Campo |
1986 | Seleção Brasileira Copa do Mundo 1986 | Meio Campo |
1991-1994 | Kashima Antlers | Meio Campo |
1998 | Seleção Brasileira Copa do Mundo 1998 | Auxiliar Técnica(o) |
2006 | Seleção Japonesa Copa do Mundo 2006 | Treinador(a) |
24/03/1993 | Vasco da Gama | Meio Campo |
Textos
Ao nascer em 3 de março de 1953 no Rio de Janeiro, Brasil, Arthur Antunes Coimbra mal sabia o destino que teria, traçado já por seu pai. Imigrante português da cidade de Tondelas, “seu” Antunes comprava um uniforme completo do Clube de Regatas do Flamengo e da Seleção Brasileira para cada filho homem que nascia. Foi assim com Zeca, Edu (estes, futuros jogadores), Nando, Tonico... e com Arthur, cuja tia Linda o chamava de Artuzico – e que logo passou a ter o nome encurtado para Zico.
O garoto morador do bairro de Quintino, subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, tinha como principal diversão o futebol, principalmente no Juventude, time do bairro onde seus irmãos atuavam. Aliás, o apelido pelo qual ficou conhecido surgiu nos tempos de Juventude: ainda criança, sem poder acompanhar Edu e Zeca no time, comemorava os gols imitando um galo, atrás do gol adversário. Daí surgiu o Galinho de Quintino.
Foi pelas suas atuações no próprio Juventude que o radialista Celso Garcia, motivado por um amigo, decidiu levá-lo para um teste no Flamengo em 1967. O técnico paraguaio Modesto Bria não acreditou muito no físico franzino de Zico, mas por fim deu a ele uma oportunidade. Iniciava-se ali a história de amor entre Zico e o Flamengo. A técnica dele já era notável nas categorias de base, mas o porte físico, excessivamente frágil, ainda incomodava. Foi então que George Helal, futuro presidente do Flamengo, encampou a iniciativa: Zico passou por um profundo programa de fortalecimento muscular para tornar seu corpo mais resistente ao esforço dentro de campo. Deu certo e Zico subiu para o time profissional do Flamengo em 1971.
No entanto, a jovem revelação flamenguista teve uma grande decepção, a primeira de sua carreira, ao não ser convocado pelo técnico Antoninho (Antonio Ferreira) para a Seleção Olímpica que disputou os Jogos de 1972 em Munique. Pior: Zico não recebia muitas oportunidades entre os titulares. Mas sua sorte mudaria em 1973, quando o técnico Joubert de Carvalho começou a escalá-lo.
Jogando no meio-campo Zico enfim tornou-se indispensável ao Flamengo. Já em 1974 foi destaque tanto na campanha que o levou ao título carioca, como também no Campeonato Brasileiro, recebendo a Bola de Ouro da revista Placar como melhor jogador do torneio. E, em 1976, enfim, ganhou sua primeira chance na Seleção Brasileira, destacando-se na conquista da Taça do Bicentenário dos Estados Unidos e, principalmente, ao marcar o gol do título da Taça Rio Branco, garantindo vitória por 2 a 1 sobre o Uruguai, em pleno Estádio Centenário, em Montevidéu.
Mas seria 1978 o ano da escalada definitiva de Zico. Não pela Seleção Brasileira: mesmo convocado para a Copa do Mundo e começando como titular, Zico perdeu o lugar no time após a segunda partida no Mundial. Mas pelo Flamengo, começando com a conquista do título carioca. Em 1979 mais duas conquistas, nos dois Campeonatos Cariocas daquele ano. E, finalmente, em 1980, veio o primeiro título brasileiro do Flamengo, com Zico sendo o grande destaque, recebendo mais uma Bola de Prata e outra de Ouro da Placar.
Em 1981 Zico consolidou-se como um dos grandes destaques da Seleção Brasileira, tanto nas eliminatórias para a Copa do Mundo quanto em amistosos, como na vitória por 1 a 0 contra a Inglaterra, quando fez o gol da vitória. Mas isso parecia pouco, diante do que fez pelo Flamengo: foi um dos protagonistas do título na Copa Libertadores da América, marcando dois gols na partida decisiva contra o Cobreloa do Chile. E, no Mundial Interclubes, não fez gol, mas foi fundamental para a vitória flamenguista contra o Liverpool FC da Inglaterra. De quebra, tornou-se o maior artilheiro da história do clube, chegando a 520 gols.
O ano de 1982 seria bastante saboroso nas memórias de Zico: mais um título brasileiro para o Flamengo, outra Bola de Prata e de Ouro pela revista Placar, e uma boa participação na Copa do Mundo. E 1983 traria outro Brasileiro, mas também o “fim” da primeira fase de Zico no Flamengo: a história de amor foi interrompida com a transferência para a Udinese, da Itália.
Apesar do sucesso no time italiano, sendo um dos artilheiros na temporada 1983/84 do campeonato daquele país, Zico enfrentou problemas, chegando até a ser processado e ter a prisão decretada pela Justiça italiana, por suposta sonegação de impostos em assinatura de contrato com a Udinese. Em 1988 veio a absolvição, com a prova de que o contrato era apenas uma extensão de um primeiro compromisso com a Udinese. Mas o desgaste fez com que Zico se decidisse pela volta ao Flamengo, em 1985, custeada por um conjunto de patrocinadores.
A alegria do retorno ao clube foi interrompida em 29 de agosto de 1985: naquele dia, Zico sofreu uma falta séria de Márcio Nunes, zagueiro do Bangu, e lesionou o joelho esquerdo em vários lugares, passando por uma artroscopia ainda naquele ano. Em 1986 voltou aos campos num clássico contra o Fluminense, pelo Campeonato Carioca, no qual marcou três vezes na goleada por 4 a 1 do Flamengo. Um trabalho forte de recuperação muscular permitiu a Zico ser convocado para a Copa do Mundo e entrar em algumas partidas, como no jogo contra a França, quando perdeu um pênalti no tempo normal, que o marcou bastante.
Ainda sofrendo bastante com as lesões no joelho, Zico passou por mais uma operação em 1986 nos Estados Unidos. O local chegou a ter atrofia muscular, pelo tempo de recuperação. Ainda assim, Zico se recompôs e voltou aos gramados em 21 de junho de 1987, num jogo contra o Fluminense pelo Campeonato Carioca. Conseguiu jogar entre os titulares, consagrando‑se com a conquista de mais um Campeonato Brasileiro, a Copa União, naquele ano, e recebendo mais uma Bola de Prata.
Zico seguiu como verdadeira bandeira flamenguista até 1989, quando se despediu do futebol. Primeiro, num amistoso pela Seleção Brasileira, em Udine, contra um combinado de jogadores de vários países. Ainda jogou o Campeonato Brasileiro pelo Flamengo, marcando um gol em sua última partida como profissional, que terminou em 5 a 0 contra o Fluminense. Em 1990 fez seu jogo final pelo Rubro-Negro, em 6 de fevereiro, num amistoso contra um combinado de jogadores de vários países.
Mas a despedida durou pouco. Em 1991, após uma rápida passagem como Secretário de Esportes do governo federal e outra como comentarista pela TV Bandeirantes, Zico foi convidado pelo Sumitomo, time amador do Japão, para auxiliar em sua profissionalização. Já legendário no Brasil, o jogador também tornou-se legendário entre os nipônicos, sendo a principal figura na fundação da J-League, o campeonato japonês de futebol profissional, e na transformação do amador Sumitomo no profissional Kashima Antlers. Em 1994 Zico decidiu-se pelo encerramento definitivo da carreira de jogador.
De volta ao Brasil, o ex-jogador fundou o CFZ (Centro de Futebol Zico), que se tornou uma equipe profissional, disputando campeonatos de divisões inferiores no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Mas, em 2002, iniciou a carreira de técnico, na seleção do Japão. Depois, ainda passou por Fenerbahçe, da Turquia, Bunyodkor, do Uzbequistão, CSKA Moscou, da Rússia, e Olympiacos, da Grécia - e também pela seleção do Iraque, de onde saiu em 2012. No ano anterior, voltara à televisão, no canal Esporte Interativo, onde apresenta o programa Zico na área e também comenta jogos.
Bibliografia
ASSAF, Roberto; GARCIA, Roger. Zico: 50 anos de futebol. Rio de Janeiro: Record, 2003.
CASTRO, Marcos de; MÁXIMO, João. Gigantes do futebol brasileiro. São Paulo: Civilização Brasileira, 2011.
COIMBRA, Arthur Antunes (Zico). Zico conta sua história. São Paulo: FTP, 1996.