Centro de Referência do Futebol Brasileiro

HISTÓRICO DOS TIMES

CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO

Alguns jogadores têm sua imagem diretamente associada ao clube no qual atuaram, e são tidos como ídolo por diferentes gerações. Arthur Antunes Coimbra, o Zico, integra este seleto grupo. A associação direta dele é com o time de futebol considerado por alguns como o de maior torcida do Brasil e foi onde Zico vestiu a camisa 10 e consagrou-se como o seu maior artilheiro da história. Trata-se do Clube de Regatas do Flamengo, originalmente fundado como Grupo de Regatas do Flamengo em 6 de outubro de 1895.

Sete moradores do bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, interessados pela prática do remo – à época o esporte que mais mobilizava atenção na cidade, junto do turfe, compraram e restauraram o barco Pherusa, a tempo de participarem da tradicional festa de Nossa Senhora da Penha. O trajeto seria feito partindo da praia de Maria Angu, em Ramos, em direção ao Flamengo.

Quando o Pherusa passou pela Praia do Caju, um vento forte virou o barco. Seis dos sete integrantes foram resgatados por uma lancha que retornava dos festejos; o sétimo, Baiano, chegou quatro horas depois dos demais, a nado, e foi alçado à condição de herói. Este episódio opera como o mito fundador do time. Dois dias após esta regata, em um casarão colonial pertencente a Nestor de Barros, quinze jovens assinaram a ata de fundação do Grupo de Regatas Flamengo. As cores que o grupo escolheu para o time foram azul (em alusão à Baía de Guanabara) e ouro (referente às riquezas do país). Em 1902, por sugestão de Mário Pederneiras, o Grupo virou Clube. Em 1911, alguns jogadores do Fluminense, insatisfeitos com uma decisão do Ground Committée que barrou o atacante Alberto Borgerth, aguardaram o término daquele campeonato para criar outro time. Desta dissidência surgiu o time de futebol.

A disputa do primeiro Campeonato Carioca foi em 3 de maio de 1912, no campo do America Football Club, contra o Mangueira. O resultado da estreia é até hoje a maior goleada do Clube de Regatas Flamengo sobre um time: 16 a 2. Também em 1912 foi adotada uma camisa quadriculada em vermelho e preto como integrante do uniforme oficial. Em 1914 veio nova alteração, próxima da atual, com listras pretas e vermelhas na horizontal – o novo uniforme foi proibido ao time de futebol por parte da diretoria do remo, sob a alegação de que o futebol não era esporte para homens. Em razão disso, foi acrescentado ao uniforme dos jogadores de futebol finas listras brancas entre as listras pretas e vermelhas. O escudo do Clube de Regatas do Flamengo passou por quatro significativas alterações: duas em 1895 e outras duas em 1912 – estas, como produto da criação do departamento de esportes terrestres, sendo a última mantida até os dias de hoje. Os três primeiros escudos mostravam âncoras e remos, referências diretas às regatas. O último apresenta listras horizontais em vermelho e preto e, na parte superior, à esquerda, as iniciais “CRF” aparecem entrelaçadas.

O hino oficial do clube foi composto em 1920, com letra e música de Paulo Magalhães. Já o popular foi composto por Lamartine Babo em 1942 (num desafio lançado no programa de rádio Trem da Alegria, Babo compôs o hino dos principais times de futebol do Rio de Janeiro). São muitas as menções ao Clube de Regatas do Flamengo no cancioneiro popular brasileiro. “País tropical”, “Fio Maravilha”, “Aquele abraço” e “16 toneladas” são alguns exemplos de canções que aludem em suas letras ao time, à torcida, ao torcedor, ou a um jogador que passou pelo clube.

O marinheiro Popeye foi adaptado nos anos 1940 pelo chargista argentino Mollas como mascote. A pecha de urubu, usada como ultraje pelos adversários (em alusão à grande quantidade de negros na torcida), foi apropriada pelos rubro-negros em vitória por 2 a 1 contra o Botafogo, no Campeonato Carioca de 1969. As charges de Henfil publicadas no Jornal dos Sports contribuíram para a popularização do urubu. O Clube de Regatas do Flamengo recebe seus adversários no Estádio Jornalista Mário Filho, mais conhecido como Estádio do Maracanã.

Zico (1971-1983 e 1985-1990) detém o título de maior artilheiro do Flamengo em todos os tempos, com 508 gols, além de ser o artilheiro que mais fez gols no Maracanã, com 333 gols. Outros jogadores que se destacaram em suas passagens pelo rubro‑negro foram o atacante Leônidas da Silva (1936-1941), o zagueiro Domingos da Guia (1936-1943), o lateral e meia Júnior (1974-1993) e os atacantes Bebeto (1983-1989) e Romário (1995-1999). Dos títulos que se destacam na galeria do clube estão a Taça Libertadores da América (1981) e o Mundial Interclubes (1981), além de seis títulos do campeonato nacional (1980-1982-1983-1987-1992-2009), um da Copa Mercosul (1999), um do Torneio Rio-São Paulo (1961) e 32 conquistas do Campeonato Carioca. Nas camisas oficiais do time há uma estrela dourada, referência ao título do mundial interclubes conquistado em 1981.

Levantamentos recentes (2010) de institutos de pesquisa por amostragem, como DataFolha, Ibope e CNT/Sensus, dão conta que o Clube de Regatas do Flamengo é o time com maior torcida pelo Brasil. A universalização do rádio no Brasil nos anos 1940 coincide com a conquista do tricampeonato carioca (1942-1944), transmitida em rede para todo o território nacional, o que certamente contribuiu para que torcedores brasileiros de todos os cantos do país adotassem o Flamengo como time.

REFERÊNCIAS:

ASSAF, Roberto; MARTINS, Clovis. História dos campeonatos cariocas de futebol, 1906- 2010. Rio de Janeiro: Maquinária, 2010.

COUTINHO, Ediberto. Nação Rubro-Negra: Flamengo. São Paulo: Fundação Nestlé de Cultura, 1990.

MAZZONI T. História do futebol no Brasil. São Paulo: [s.n.], 2007.

MINI-ENCICLOPÉDIA DO FUTEBOL BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Areté, 2004.

SITE OFICIAL DO FLAMENGO. . Último acesso em 24/01/2013.

Urubu faz 40 anos como símbolo do Fla. . Último acesso em 24/01/2013.