Centro de Referência do Futebol Brasileiro

Natural de Ponte Nova, Minas Gerais, Brasil, nascido em 11 de janeiro de 1957, José Reinaldo de Lima teve uma infância bastante vinculada ao Rio de Janeiro. Não só por suas idas frequentes à cidade (o pai, Mário Lima, era ferroviário), como pelo fato de um de seus oito irmãos, Mário, ter uma carreira de jogador no futebol profissional, atuando no Botafogo FR. Reinaldo era levado pelo irmão aos treinamentos no clube carioca, onde conheceu outros jogadores, como Sebastião Leônidas, Roberto Miranda, Paulo César Caju e Jairzinho.

            No entanto, a carreira de Reinaldo estaria ligada a outro clube. A história começou em 1971, quando Zé Taburé (apelido de Reinaldo em Ponte Nova) foi indicado por Don Miguel Clicham, espanhol que preparava Reinaldo, junto de Renato Marinho e Biajo, ao técnico das categorias de base do Clube Atlético Mineiro, Barbatana (João Lacerda Filho). Em 7 de setembro de 1971, o jovem de 14 anos chegou a Belo Horizonte. No dia seguinte, participou de um treino do time juvenil contra os profissionais do Atlético, que se sagrariam campeões brasileiros naquele ano. E sua boa atuação impressionou tanto Barbatana quanto Telê Santana, então técnico da equipe adulta.

            Reinaldo foi contratado, o que interrompeu os planos do irmão, que eram levá-lo para o Botafogo tão logo terminasse a quarta série do ginásio. Colocado na categoria infantil, participou de um campeonato organizado pela TV Itacolomi, ainda em 1971. Suas atuações novamente foram elogiadas, e o jogador já partiu para a equipe infanto-juvenil do Atlético em 1972. Novamente, sucesso: 32 gols no campeonato mineiro da categoria. No final do ano, Reinaldo disputou o Torneio Cidade de São Paulo, mas logo voltou a Belo Horizonte, com a eliminação do Atlético.

            Enquanto estava em férias, no início de 1973, o jogador foi chamado para participar do time misto que disputaria a Taça Minas Gerais, enquanto os profissionais jogavam o Torneio do Povo. Numa partida contra o Valeriodoce EC, preliminar do jogo entre Atlético e CR Flamengo, pelo Torneio do Povo, Reinaldo entrou no decorrer dos 90 minutos e já fez um gol. Bastou isso para que o Atlético fizesse um contrato profissional com ele, e que Telê Santana já o relacionasse para o elenco que disputou o Campeonato Brasileiro de 1973.

            Contudo, também em 1973, Reinaldo sofreu a primeira cirurgia no joelho. Poucos meses depois, já houve a segunda intervenção cirúrgica. O pós-operatório lhe causou problemas; por muito tempo, Reinaldo sofreu punções e infiltrações no joelho operado, para poder aguentar as dores e diminuir o inchaço do joelho. A situação só melhorou em 1975, quando outro método de tratamento passou a ser usado. Também nesse ano Reinaldo ganhou a primeira convocação para a Seleção Brasileira, no grupo de jogadores mineiros convocados para a disputa da Copa América.

            Em 1976, fazendo radioterapia em seu joelho, o inchaço diminuiu, permitindo a Reinaldo uma sequência maior de jogos, que não só aumentou seu destaque no Atlético Mineiro, mas mantém as convocações frequentes para a Seleção Brasileira. O ano foi coroado com a conquista do Campeonato Mineiro.

No ano seguinte veio o grande destaque. O Atlético Mineiro fez uma ótima campanha no Campeonato Brasileiro, ficando invicto, e Reinaldo marcou 28 gols – então recorde de um goleador numa única edição do Campeonato Brasileiro. Todavia, na final, em que o Atlético Mineiro foi derrotado pelo São Paulo FC na decisão por chutes da marca do pênalti, Reinaldo estava suspenso e não jogou. Ainda assim, ele recebeu a Bola de Prata da revista Placar.

            Desde então, além de manter as boas atuações, Reinaldo notabilizou-se pelo posicionamento político abertamente de oposição, até mesmo na comemoração de seus gols, quando levantava o braço e o punho esquerdo, gesto típico dos Panteras Negras, grupo de protestos étnicos dos Estados Unidos. Com isso, foi observado por alguns personagens da ditadura militar.

Em 1978 o atacante foi convocado para a Copa do Mundo. Escalado como titular no início do torneio, fez o primeiro gol da Seleção Brasileira no Mundial, contra a Suécia. Ainda assim, com os problemas no joelho persistindo e a crise por que a Seleção passou na primeira fase da Copa, Reinaldo perdeu a posição. Depois do torneio o jogador passou por mais uma cirurgia no joelho em Nova York, Estados Unidos, com o médico James Nicholas.

Durante 1979 Reinaldo ficou em recuperação. Mas o Atlético Mineiro continuou vencendo: naquele ano, conquistou o bicampeonato mineiro. Em 1980, de volta aos campos, Reinaldo foi o destaque na campanha que levou o Atlético Mineiro ao vice-campeonato brasileiro e, depois, à conquista do tricampeonato estadual. Ao mesmo tempo houve o seu retorno à Seleção Brasileira. Durante a campanha nas eliminatórias para a Copa de 1982, e nos amistosos da equipe em 1981, Reinaldo atuou quase sempre na equipe titular. Entretanto, algumas discordâncias do técnico Telê Santana com sua postura política levaram-no a ser desconsiderado para a disputa do Mundial.

Desde então, Reinaldo concentrou-se no Atlético Mineiro. Continuou ganhando títulos estaduais, até o hexacampeonato, em 1983. Destacava-se nas excursões que o time realizava à Europa, e ainda levou mais uma Bola de Prata, em 1983. Não obstante, os problemas físicos perturbavam-no ainda; a radioterapia realizada antes da terceira cirurgia no joelho levou à atrofia, e ele só conseguia dobrar a perna parcialmente. Em 1985, após um breve retorno às convocações para a Seleção Brasileira, sob o comando do técnico Evaristo de Macedo, Reinaldo transferiu-se para a SE Palmeiras, após 14 anos de Atlético.

Passados três meses dentro do clube de São Paulo, Reinaldo voltou a Minas Gerais, para jogar no Cruzeiro EC, em 1986. Também não durou muito nessa equipe: após duas partidas foi para o Atlético Rio Negro Clube, de Manaus, Amazonas, já em 1987. Ainda nesse ano passou pelo BK Hacken da Suécia, e pelo Telstar da Holanda, onde se aposentou em 1988.

Dois anos depois Reinaldo iniciou sua carreira política, sendo eleito deputado estadual por Minas Gerais pelo PT (Partido dos Trabalhadores). Em 1996 chegou a ser condenado por envolvimento com traficantes de cocaína, mas foi absolvido. E, em 1999, além de treinar o Valeriodoce, fundou o Belo Horizonte Futebol e Cultura, clube que procurava dar apoio cultural e estudo aos jogadores que fizessem parte do elenco.

Em 2001 voltou a ser treinador, passando pelo EC Mamoré. Em 2004 Reinaldo retornou à carreira política, sendo eleito vereador de Belo Horizonte, pelo PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), mas sem ser reeleito em 2008, já pelo PV (Partido Verde). Finalmente, em 2012, no último ano como vereador, Reinaldo reiniciou novamente sua carreira como técnico, no Villa Nova AC.

Bibliografia

Depoimento de Reinaldo ao Projeto Futebol, memória e patrimônio, mantido pelo Museu do Futebol em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.