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Dorval

  • Dorval Rodrigues
Atuação
Meio Campo
Atacante
Nascimento
26/02/1935
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Morte
26/12/2021
Santos, São Paulo, Brasil

Maior ponta-direita da história do Santos F.C., fez parte da mais famosa linha de atacantes do futebol mundial, ao lado de Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, tendo sido pentacampeão brasileiro (1961, 1962, 1963, 1964 e 195), bicampeão da Copa Libertadores e mundial (1962 e 1963). Após pendurar as chuteiras virou professor em escolinhas de futebol de projetos sociais. Faleceu aos 86 anos, seu velório foi no Estádio da Vila Belmiro e enterrado no Cemitério Paquetá, em Santos (SP).

Clubes e Federações

Quando Onde Atuação
CDC Ferradura
1951-1955 Grêmio Meio Campo
1957-1964 Santos Atacante
1957 Juventus da Mooca Atacante
1965-1967 Santos Atacante
1967 Palmeiras Atacante
1968-1971 Athletico Paranaense Atacante
1964 Racing Atacante
1972 Saad Atacante

Textos

Começou a carreira no juvenil do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, apesar de ter sido torcedor confesso do Sport Club Internacional, maior rival do tricolor gaúcho. Atuou ainda no Esporte Clube Força e Luz, também de Porto Alegre, onde estreou no futebol profissional. Dorval contou que o time era mais fraco e já não existe mais. Pelo Grêmio, Dorval iniciou como meio-campo.

Em entrevista realizada no Clube da Comunidade (CDC) Ferradura[1], no dia 6 de dezembro de 2012, Dorval falou sobre o futebol amador no sul. Segundo ele, a várzea onde morava quando criança era um “pantanal”. Ele se refere ao bairro São José. “A gente ia jogar na várzea. Todo jogador passou pela várzea e todo jogador tinha que passar pela várzea”, contou.

Em 1956, Dorval chegou ao Santos F. C. para sair de sua posição de meio campo e atuar pela ponta direita depois de dois anos no Força e Luz, onde conheceu Arnaldo Figueiredo, dirigente daquela equipe e que o levou para o time da Baixada Santista. “Fiz um contrato e renovei logo depois. Eu fui o primeiro que chegou daquele time que tinha Manga; Helvio, Ivã, Ramiro, Alfredinho, Vasconcelos, Del Vecchio e Tite. É aquele Santos, bi paulista em 1955-1956”, contou o ex-jogador. Após essa configuração chegaram Pelé, Coutinho, Lima, Mengálvio, entre outros.

De 1957 até 1970 foi o time mais famoso do Santos segundo Dorval, que considera ter tido o privilégio e a sorte de jogar com estes jogadores. Hoje em dia, a passagem de um jogador pelos clube é rápida. Dorval, por exemplo, “chegou ao Santos com 19 anos e ficou quase 15 anos.

O ex-jogadoer disse ter vindo de uma família pobre. Seu pai, Seu Evaristo, e sua mãe, Dona Jardelina, nasceram em Porto Alegre. Dorval é o mais velho de  quatro irmãos. Dois homens faleceram e duas mulheres moram hoje na cidade de Santos.

Por ser o mais velho, Dorval contou que teve de trabalhar ainda muito novo e não tinha tempo para jogar bola. O jogador conheceu Arnaldo Figueiredo na mesma época em que atuava pelo Força e Luz e por um time de futebol do quartel. Ao contrário do que se publica em veículos de comunidação, Dorval não considera Arnaldo um empresário, mas um amigo pessoal. À época, Dorval tinha de 17 para 18 anos. Depois, o mesmo Figueiredo levou Mengálvio, que era de Santa Catarina e jogava no Grêmio Esportivo Renner (Porto Alegre), para o Santos F. C.

Segundo Dorval, Pelé (que chegou de Bauru), Coutinho (de Piracicaba) e Lima  (de São Paulo), todos moravam numa pensão, porque não havia alojamento no clube. Antes da pensão, os jogadores ficavam na Vila Belmiro, onde hoje é o departamento amador. Lá, havia quartos para acomodar atletas.

Dorval comparou os velhos tempos com o presente, mexendo incansavelmente um chaveiro durante a conversa. “Hoje, o futebol tem uma mordomia imensa. Naquele tempo não. Você comia o pão que o diabo amassou”, disse.

Antes de ser jogador, Dorval trabalhou como carregador de marmita, deixando as refeições de casa em casa. Também ajudava vizinhos com serviços domiciliares e, por isso, não teve muito tempo para terminar os estudos. Dada a situação, quando Dorval recebeu o convite para ir a São Paulo, sua família não demonstrou resistência.

E mais uma vez, Dorval fez comparações do passado com os tempos atuais. “Hoje, a molecada já tem escola. Naquele tempo eles só queriam que a gente jogasse bola, hoje os times querem formar o cidadão. Eu não tinha tempo para estudar”, analisou.

Dorval lembra que nos tempos do Santos, os jogadores contavam com apenas um preparador físico, chamado Pelegrini. “A gente fazia treino no Santos que era de subir e descer as escadas das arquibancadas”, completou.

Na pensão em que Dorval e demais jogadores ficavam, havia também atletas dos times de basquete e vôlei do Santos juntos. Dorval lembra do nome de Dona Geordina, que era dona de uma das pensões. Em um primeiro momento, ele morou na Rua Doutor Carvalho de Mendonça, passando pela Avenida Senador Pinheiro Machado – ambas no bairro da Vila Belmiro, perto do Estádio Urbano Caldeira – e depois na Rua Euclides da Cunha, que fica no bairro de Gonzaga, próximo à praia.

Dorval conseguiu levar a mãe (falecida há cerca de 15 anos) e demais familiares para Santos depois de um ano no clube da Vila belmiro. Seu pai, contudo, faleceu antes da mudança da família.

A respeito das especificidades do grupo do Santos, Dorval falou abertamente sobre os jogadores, das viagens pelo mundo em um momento mais descontraído da visita. “Eu tinha um pouquinho de medo de avião. Eram aqueles aviões com quatro motores, aquele avião 17[2]”, lembrou. Dorval contou que a equipe saía de São Paulo, parava em Recife e fazia alguma partida contra, por exemplo, o Sport Club do Recife, enquanto o avião era reabastecido.

O clima entre os jogadores nas viagens era bem descontraído. Eles gostavam de colocar apelidos uns nos outros. Pelé era o Gasolina, Dorval era o Macalé, Pepe era o Careca, Zito era o Chulé, porque tinha chulé mesmo.

[1] Para maiores informações sobre o local, ver er relato de campo sobre o CDC Ferradura.

[2] Avião de quatro motores fabricado pela empresa norte-americana Douglas, era chamado de DC-7. Foi um dos primeiro aviões comerciais a cruzar o Oceano Atlântico sem escalas, esteve em operação nas décadas de 1950 e 1960.

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