Centro de Referência do Futebol Brasileiro

HISTÓRICO DOS TIMES

SANTOS FUTEBOL CLUBE

Uma reunião convocada para 14 de abril de 1912 na sede do Clube Concórdia, localizada no número 10 da então Rua do Rosário (hoje Rua João Pessoa), em Santos, juntou 39 pessoas para fundar um time de futebol que representasse a cidade. Várias foram as sugestões para o nome do novo time, dentre as quais África Football Club, Associação Esportiva Brasil e Concórdia Futebol Clube. Por sugestão de Antônio de Araújo Cunha, um dos que estiveram no primeiro encontro, o nome adotado foi Santos Futebol Clube, o primeiro time de futebol fundado com o nome da cidade.

O departamento de História e Estatística do clube atesta que a primeira partida disputada pelo Santos Futebol Clube foi em 15 de setembro de 1912, uma vitória por 3 a 2 contra o Santos Athletic Club, hoje conhecido como Clube dos Ingleses. No ano seguinte de sua fundação surgiu o convite para disputar o campeonato da Liga Paulista, que foi abandonado no meio da disputa por falta de dinheiro para levar o time às disputas na capital. O primeiro título de um campeonato estadual foi conquistado em 1935. Vinte anos depois veio a segunda conquista. Como parte da celebração do título, foi composto por José Maugeri Netto “Leão do Mar”, hoje o hino extraoficial, mais lembrado do que o oficial, composto por Carlos Henrique Roma em julho de 1957, e que foi homologado pelo Conselho Deliberativo em junho de 1996.

Em seus primeiros anos de existência, os treinos do time eram realizados em um campo de dimensões modestas no bairro do Macuco. A demanda por jogos com equipes da cidade de São Paulo e até mesmo de outros países era cada vez maior, e por vezes os jogos não eram marcados por falta de um grande campo que pudesse receber estes times. Após decisão em assembleia do clube, um novo terreno foi adquirido. Em 12 de outubro de 1916 a Praça de Esportes da Vila Belmiro foi inaugurada. O primeiro jogo no novo campo foi uma vitória sobre o Clube Atlético Ypiranga por 2 a 1. A Vila Belmiro, cujo nome oficial é Estádio Urbano Caldeira, comporta pouco mais de dezesseis mil torcedores. Como grande parte de sua torcida é da cidade de São Paulo, o Santos Futebol Clube também manda alguns de seus jogos no Estádio do Pacaembu.

Até os anos 1950, o maior destaque do Santos Futebol Clube foi Araken Patuska, presente no elenco que conquistou em 1935 o primeiro título estadual. Em 1956, passou a integrar o time um atacante que mudaria os rumos do futebol do Santos Futebol Clube, do Brasil e do mundo: Pelé, que consagrou a camisa 10 no futebol. Enquanto Pelé foi atleta do alvinegro praiano, foram 10 títulos do Campeonato Paulista (1958-1960-1961-1962-1964-1965-1967-1968-1969-1973), cinco títulos do Torneio Rio-São Paulo (1959-1963-1964-1966-1997), o pentacampeonato da Taça Brasil (1961-1962-1963-1964-1965), a Recopa Sul‑Americana (1968), a Recopa Mundial (1968) e o Bicampeonato da Libertadores da América e do Mundial Interclubes (1962-1963).

Dos 1282 gols que Pelé fez em sua carreira, 1091 foram vestindo a camisa do Santos Futebol Clube. E dentre os vários momentos antológicos em que Pelé atuou pelo time, um que certamente merece destaque é seu milésimo gol, feito em uma cobrança de pênalti em jogo contra o Vasco da Gama em 19 de novembro de 1969. Após o gol, cercado por jornalistas e demais pessoas presentes ao estádio, Pelé dedicou o gol às crianças do país e pediu atenção especial a elas.

De início tricolor, com as mesmas cores do clube onde foi realizada a reunião que o fundou (azul, dourado e branco), as cores do Santos Futebol Clube foram alteradas para o preto e branco em razão da dificuldade de se encontrar tecidos azuis e dourados por parte dos integrantes do time. O primeiro escudo santista em muito diferia do atual. Das alterações posteriores, uma chama a atenção por ter sido fruto do período em que o clube adotou o nome União para disputar o campeonato da Liga Santista de 1915. O escudo atual é de 1925, com onze listras que representam os jogadores e uma faixa em diagonal crescente da esquerda para a direita com a sigla “SFC”. Na camisa, duas estrelas douradas acima do escudo aludem ao Bicampeonato do Mundial Interclubes.

A mascote é uma Baleia. O apelido “Peixe” surgiu como um insulto feito pelos torcedores dos times da capital, que atiravam peixe nos santistas que vinham para a cidade de São Paulo torcer pelo time. A torcida santista, em demonstração de grandeza e habilidade, ressignificou o termo pejorativo em 1933, na derrota para o São Paulo por 5 a 1, e fez do apelido Peixe uma referência exaltadora.

Além de Pelé, outros jogadores também merecem destaque por suas trajetórias no alvinegro da Vila Belmiro. Dos contemporâneos de Pelé podem ser citados o centroavante Pagão (1955-1963), o volante Zito (1952-1967), e os atacantes Pepe (1954-1969) e Coutinho (1958-1970), este último considerado por muitos o melhor parceiro que Pelé teve. Após a Era Pelé, jogadores como o atacante Serginho Chulapa (1983-1984), o centroavante Paulo Isidoro (1983-1985) e o atacante Giovanni (1994-1995) se destacaram em suas passagens pelo clube. Em 2002, a conquista do Campeonato Brasileiro alçou os atacantes Diego (2002-2004) e Robinho (2002-2005) à condição de ídolos. E o craque que atualmente chama a atenção é Neymar, cuja estreia no time profissional foi em 2009. Comparado a Pelé, Neymar também faz gols primorosos e protagoniza lances espetaculares, o que leva os torcedores brasileiros a tê-lo como uma dos trunfos do Brasil para a Copa do Mundo que o país sediará em 2014. 

REFERÊNCIAS:

CUNHA, Odir; UNZELTE, Celso. Santos 100 anos 100 jogos 100 ídolos. Belo Horizonte: Guttenberg, 2001.

FARAH NETO, José Jorge; KUSSAREV JR, Rodolfo. Almanaque do Futebol Paulista 2000. São Paulo: Panini, 2000.

MAZZONI, T. História do futebol no Brasil. São Paulo: [s.n.], 2007.

MINI-ENCICLOPÉDIA DO FUTEBOL BRASILEIRO. Rio de Janeiro: Areté, 2004.

RIBEIRO, Rubens. Caminho da Bola: 100 anos de história da FPF. São Paulo: CNB Comunicação e Marketing, 2000. v. I: 1902-1952.

SITE OFICIAL DO SANTOS. . Último acesso em 22/01/2013.