Centro de Referência do Futebol Brasileiro

Craque, ídolo, galã e maldito.Não necessariamente nessa ordem, mas tudo ao memso tempo, assim poderia ser resumida a curta existência de Heleno de Freitas.

Filho de família rica (o pai era industrial e cafeicultor), o que lhe permitiu uma vida tranquila, incluindo a gradução em Direito pela Faculdade Nacional de Niterói. Mesmo assim foi no futebol onde se sentiu mais à vontade. Começou como meio-campista no Manngueira e depois foi para o Botafogo e logo em seguida Fluminense, onde o técnico os juvenis o colocou como atacante. Adaptou-se rápidoogador e logo brigou com o técnico tricolor Carlomagno, que não o colocava no time principal e abandonou as Laranjeiras. Voltou para o Botafogo, resgatado pelo amigo João Saldanha, e assinou o primeiro contrato profissional. E o sucesso veio rápido. Em 1942 foi artilheiro do Campeonato Carioca e em 1945 estreou na Seleção Brasileira, pela qual foi artilheiro do Campeonato Sul-Americano com 6 gols. Aliás, compôs um dos quintetos atacantes mais poderosos da história do Brasil ao lado de Zizinho, Tesourinha, Ademir Menezes e Jair Rosa Pinto.

Tinha espírito indomável, dentro e fora de campo. Entre as quatro linhas era aguerrido, não fugia da luta pela bola com os adversários, e não raro ia às vias de fato, e acumulando expulsões. Nem seus companheiros escapavam de broncas, Heleno não perdovava nenhum erro. Pelo destempero acabou ganhando o maldoso apelido de Gilda, referência à personagem, do filme homônio - interpretada pela atriz Rita Hayworth - bela, mas de temperamente explosivo.

Após o fim dos jogos ou dos treino, trocava o uniforme pelo terno feito sob medida e curtia a noite carioca, repleto de cassinos e namoradas. Mas o casamento com o Botafogo acabou em 1948. Vendido ao Boca Juniors, ficou menos de um ano em Buenos Aires e em 1949 desembarcou no Rio de Janeiro para jogar pelo Vasco da Gama, de olho em uma vaga para Copa do Mundo de 1950. O plano falhou, Flávio Costa, técnico do time do time de São Januário e da Seleção Brasileira, sequer lembrou dele para a lista de 37 jogadores para o período de testes pré-Copa.

Decepcionado optou por um ano de exílio na Eldorado, a milionária liga pirata colombiana, contratado pelo Júnior de Barranquilha. Voltou ao Brasil em 1951, era para jogar pelo Santos, mas só conseguiu fazer um treino. Estava longe dos tempos em que era ídolo do Botafogo. Jogou ainda pelo América do Rio. na verdade fez meio jogo. Descontrolado foi expulso no 1º tempo, brigou no vestiário e teve o contrato rescindido. Mas alcançou seu último sonho: jogar no Estádio do Maracanã. Logo na sequência foi internado para se tratar da sífilis, doença cujas sequelas seriam responsáveis por sua morte prematura aos 39 anos, em Barbacena (MG).