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Ao contrário da maioria dos atletas, que “decola” no futebol profissional numa faixa etária próxima ou inferior aos 20 anos, Walter Passarinho só veio a ter o talento reconhecido aos 27 anos de idade, quando a maioria dos jogadores já começa a entrar em declínio. Preterido num primeiro momento, ignorado, mas não derrotado o jovem atleta não se deixou abater. Seguindo o preceito de que “só o talento não basta, é preciso oportunidade” defendido por Menoti Del Pichia, O segredo: aproveitar a oportunidade oferecida; no seu caso, a única. 

Nascido no Largo São José do Maranhão em 1947, próximo ao Parque São Jorge, aos 15 anos Passarinho tentou a sorte nas categorias de base do Corinthians, sem obter sucesso. Decepcionado, mas não derrotado, decidiu continuar sua saga em busca da oportunidade sonhada. Enquanto batia sua bolinha nas domingueiras dos campos de várzea da periferia, o jovem atleta lutava para ter o nome aceito num dos clubes profissionais da região. Tal terminação o levaria entre 18 e 20 anos a fazer parte do elenco do Clube Atlético Juventus, o simpático “Moleque Travesso” da Rua Javari.

O casamento precoce, a falta de perspectiva em relação a sobreviver do futebol - o baixo salário não o animava a continuar - acabou ajudando-o na decisão de abandonar a carreira profissional. Bem conceituado em termos de futebol da várzea ele passa a atuar nos melhores times da zona leste paulistana, num tempo em que os clubes começavam a dotar o sistema de “molhar a mão” de atletas ditos diferenciados, aliciando-os até com proposta de emprego.

Walter Passarinho “voou” da várzea do Largo São José do Maranhão onde atuava pelo Grêmio Maranhense, ao Sampaio Moreira, União Tietê, Palestra da Penha, Ressaca Clube, Monte Pino de Itaquera e tantos outros, não necessariamente nesta ordem. A grande oportunidade surgiu no Aliança da cidade de São Bernardo do Campo que, campeão do “Desfio ao Galo”, organizado e transmitido pela TV Record, decidiu adentrar no regime profissional. Um ano se muito foi o tempo que levou para passar do Aliança ao Santo André e deste para o Esporte Clube São José, clube pelo qual se tornaria Campeão da Segunda Divisão de Futebol Profissional.