Paulo Cézar Caju
- Paulo Cézar Lima
Nascido na Favela da Cocheira, Paulo Cézar Lima reagia desde criança à discriminação e desigualdade raciais no Rio de Janeiro-RJ. Fosse negando alisamento no cabelo, enfrentando porteiros ou quebrando vidros de casas nobres, ele já demonstrava ser indomável e contestador, não aceitando subserviência nem subalternidade. Adotado pelo ex-jogador Marinho Rodrigues, teve a oportunidade de conhecer as Américas e se conscientizar da causa negra. Paulo Cézar sempre se impôs por seu talento, educação e personalidade, incapaz de dar um pontapé. Desfilou com sua arte por onde passou: os quatro grandes do Rio, Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille-FRA. Entre tantos títulos de expressão, basta dizer que foi campeão mundial com a Seleção Brasileira em 1970. Revolucionou ao trazer diretamente de Los Angeles-EUA a afirmação de sua origem e beleza: o cabelo Black Power pintado como os Panteras Negras. Incompreendido, acharam que era apenas moda e o apelidaram de Caju. Rebelde e destemido, enfrentou dirigentes e militares em plena ditadura. A maior represália foi não ter sido convocado para a Copa do Mundo de 1978. O golpe teve troco: escreveu para O Pasquim durante o mundial da Argentina. Trata-se de um crítico contundente de padronizações, sejam elas táticas, sejam culturais, cerceadoras da liberdade e da igualdade.
Clubes e Federações
Quando | Onde | Atuação |
---|---|---|
1967-1971 | Botafogo | Atacante |
1970 | Seleção Brasileira Copa do Mundo 1970 | Meio Campo |
1972-1974 | Flamengo | Atacante |
1974 | Seleção Brasileira Copa do Mundo 1974 | Atacante |
1975-1977 | Fluminense | Atacante |
1977-1978 | Botafogo | Atacante |
1978-1979 | Grêmio | Atacante |
1979 | Vasco da Gama | Atacante |
1980 | Corinthians | Atacante |
1983 | Grêmio | Atacante |
Textos
Ponta esquerda revelado pelo Botafogo F.R., foi um dos maiores ídolos do clube e do futebol brasileiro, era mutio técnico, driblador e goleador. Na final da Taça Guanabara de 1967, marcou os três gols do alvinegro sobre o América F.C. (3X2), garantido o título. A atuação garantiu sua convocação para a Seleção Brasileira, pela qual estreou um mês depois, aos 18 anos, com vitória (1X0) sobre o Chile. Em 1969 fez parte do elenco das eliminatórias para a Copa, as Feras do Saldanha e no ano seguinte foi tricampeão do mundo, e apesar de ser reserva de Gérson, atuou em quatro jogo, dois deles como titular. Atuou ainda na Copa de 1974, na Alemanha Ocidental, alcançando o 4º lugar. Pela Seleção foram 57 jogos oficias e 8 gols marcado, além de conquistar a Copa Roca (1971) e a Taça Independência (1972).
Foi bicampeão carioca pelo Botafogo F.R. (1967 e 1968) e da Taça Brasil (1968). Pelo C.R. do Flamengo foi campeão carioca (1972 e 1974) e Torneio do Povo (1972). Depois da Copa de 1974 transferiu-se para o Olympique de Marselha, pelo qual ganhou a Copa da França (1975). De volata ao Brasil foi bicampeão carioca pelo Fluminense F.C. (1975 e 1976). Pelo Grêmio F.B.P.A., em duas passagens, foi bicampeão gaúcho (1979 e 1980) e da Copa Intercontinental (1983). Atuou ainda pelo C.R. Vasco da Gama (vestindo assim a camisa dos quatro grandes cariocas), S.C. Corinthians Paulista e California Surf (EUA).
Em 2008 estreou como cronista no Jornal da Tarde, de São Paulo, passando a seguir por O Globo e revista Placar.
Em 2016, ao lado de Afonsinho e Nei Conceição, foi tema do documentário "Barba, Cabelo e Bigode", direção de Lucio Branco.