Centro de Referência do Futebol Brasileiro

Vindo de família humilde, Gentil Alves Cardoso viu na Marinha uma chance de ter uma vida mais tranquila. Conciliou o trabalho com sua paixão pelo futebol. Formou-se em Educação Física e ficou conhecido por suas frases de efeito e pelo uso de boina e megafone. Por trás do folclore, havia um estudioso, adepto de um futebol simples, mas organizado taticamente. Negro e nordestino, Gentil Cardoso teve dificuldades para alçar voos mais altos que clubes pequenos e de bairro do Rio de Janeiro podiam lhe oferecer. Levou quinze anos para chegar ao primeiro grande clube que treinou, o Fluminense, em 1945. Passou ainda por Corinthians, Flamengo, Vasco e Botafogo, entre outras equipes de expressão, de Norte a Sul do país. Comandou também o Sporting-POR, na temporada 1963-1964. Títulos não faltaram: dois cariocas (1946 e 1952) e três pernambucanos (1955, 1959 e 1960). Nem com todo esse currículo, Gentil teve chance na Seleção Brasileira. Contestador e inconformado com a falta de oportunidades, sempre atribuiu ao racismo a predileção da CBD (atual CBF) por técnicos brancos. E nunca se intimidou nem se calou com o tratamento racista por parte da imprensa. A única vez em que foi convidado a comandar o Brasil, só pôde convocar atletas de Pernambuco, em 1959. Fato é que ele entrou para a história como primeiro e único negro a dirigir a Seleção em um torneiro oficial.